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Opinião

- Publicada em 03 de Fevereiro de 2021 às 03:00

O discurso e a realidade

Texto em conhecida revista de economia lê-se o seguinte: "Para que servem os gurus da economia? A atual crise mundial escancara sua incompetência em fazer previsões e o mercado acredita nelas".
Texto em conhecida revista de economia lê-se o seguinte: "Para que servem os gurus da economia? A atual crise mundial escancara sua incompetência em fazer previsões e o mercado acredita nelas".
O capitalismo se uniu globalmente graças aos setores financeiros, informáticos e comunicacionais, e assim impôs um modo de produção financeira sem bases materiais, ancorado em signos abstratos, quase metafísicos e com pura semantização da realidade. Do regime do capital produtivo passou-se ao regime comunicacional. Provam-no as maiores fortunas globais. O dinheiro, fetiche da mercadoria, se reproduz eletronicamente de forma especulativa e com aspectos irracionais.
As redes informáticas, ao cruzarem o planeta em real time, derrubam a geografia e as culturas locais, criando um universo simbólico e um "deserto do real". Neste, a indústria midiática, deliberadamente dissimuladora, impôs uma unanimidade cultural, possibilitando a invasão de objetos transnacionalizados e ao condicionar novos desejos às culturas tradicionais introduziu nelas sua própria lógica de produção, de consumo e de doxas culturais.
O marketing tornou-se um instrumento de controle social. E dessa forma, trilhões de dólares de "derivativos "e de outros epítetos fantasiosos, tão atraentes quanto falsos, foram para bolsos ignotos.
Milhões de economias familiares afundaram e, como no Titanic - onde só havia botes para os passageiros de primeira classe - agora só há "botes" para os poucos que se salvaram graças à mão misteriosa e poderosa do mercado. Como não foram ouvidas as advertências do Nobel Joseph Stiglitz de que a década mais próspera da história estava a gerar uma gigantesca bolha financeira, ela acabou estourando e deu origem às consequências já conhecidas e sofridas dos que afundaram com o encantador e gigantesco barco do reino da pecúnia que parecia sólido e insubmergível.
Médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras
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