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Opinião

- Publicada em 18 de Janeiro de 2021 às 20:48

Feminicídio: o silêncio que mata

Se antes da pandemia a violência de gênero já era uma das grandes preocupações sociais no mundo, o problema se tornou ainda mais visado em tempos de coronavírus. A própria instituição ONU-Mulheres nomeou o momento atual como "pandemia das sombras", fazendo referência à crescente taxa de feminicídio e violências contra a mulher.
Se antes da pandemia a violência de gênero já era uma das grandes preocupações sociais no mundo, o problema se tornou ainda mais visado em tempos de coronavírus. A própria instituição ONU-Mulheres nomeou o momento atual como "pandemia das sombras", fazendo referência à crescente taxa de feminicídio e violências contra a mulher.
Com a necessidade do isolamento social, a vítima é confinada com seu agressor, em uma redoma de violência e silêncio que pode ser mortal.
Indicadores criminais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, apontam que em abril, o mês em que se verificou o maior índice de isolamento social para a população, houve um aumento de 66% de ocorrências relacionadas ao feminicídio, sendo 18 tentativas e 10 con­sumações.
Mas o que mais nos chama a atenção é que, em nenhum dos feminicídios consumados, se verificou a ocorrência de registro de denúncia ou de medida protetiva das vítimas. Nós sabemos que apenas chegam aos órgãos responsáveis parte dos casos de violência. E esse silêncio pode ser mantido por diversos motivos: dependência psicológica ou financeira em relação ao agressor, falta de confiança em relação ao sistema de apoio, desconhecimento dos processos de denúncia e medo, entre outros.
Mas durante o isolamento social esse silêncio pode ser ainda mais sufocado, pode ser ainda mais fatal. O contato diário e frequente com o agressor e a ausência de relações de apoio, podem ser fatores agravantes para que a vítima não consiga recursos internos para pedir ajuda. Por isso, é tão necessária a conscientização e políticas de apoio psicológico e material às mulheres, para que se sintam seguras em denunciar.
Assim como é necessário o diálogo e conscientização de toda a sociedade, para que também os familiares e pessoas próximas aprendam a identificar situações de abuso e possam auxiliar essas vítimas que não conseguem quebrar o silêncio sozinhas.
O silêncio mata. E mata todos os dias um pouco. Primeiro nas agressões morais, depois nas torturas psicológicas, nas privações, depois nas agressões físicas... O silêncio vai nos matando, até não termos mais voz.
Então, se conseguir, peça ajuda! E se puder, ajude a quebrar o silêncio de outras mulheres, salve vidas!
Professora de Direito da Estácio-RS 
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