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Opinião

- Publicada em 29 de Dezembro de 2020 às 03:00

A corrida pela vacina

A notícia de que um grupo de promotores pensou em privilegiar os membros do Ministério Público de São Paulo para receber a vacina contra a Covid-19 antes da população prevista coloca a questão: quando a vacina chegar, quem deve receber a vacina em primeiro lugar? Iniciativas como a do MP ocorrem porque, com o início da vacinação nos países europeus, aumenta a ansiedade pelo acesso à vacina no Brasil. O problema é a politização de uma decisão que deve ser técnica, ser tomada com embasamento científico pelos órgãos competentes e seguir protocolos de prioridade bem fundamentados. Do jeito que está, corremos o risco de transformar o protocolo de acesso em uma imensa competição entre atores sociais que reivindicam a vacina para si por se considerarem mais ou menos expostos ao vírus.
A notícia de que um grupo de promotores pensou em privilegiar os membros do Ministério Público de São Paulo para receber a vacina contra a Covid-19 antes da população prevista coloca a questão: quando a vacina chegar, quem deve receber a vacina em primeiro lugar? Iniciativas como a do MP ocorrem porque, com o início da vacinação nos países europeus, aumenta a ansiedade pelo acesso à vacina no Brasil. O problema é a politização de uma decisão que deve ser técnica, ser tomada com embasamento científico pelos órgãos competentes e seguir protocolos de prioridade bem fundamentados. Do jeito que está, corremos o risco de transformar o protocolo de acesso em uma imensa competição entre atores sociais que reivindicam a vacina para si por se considerarem mais ou menos expostos ao vírus.
De fato, graças a competência do governo federal, haverá menos vacinas que o esperado. Selecionar não é uma tarefa fácil porque há inúmeras categorias expostas. Vejo duas sendo pouco citadas. A primeira categoria é a dos assistentes sociais porque sempre que se fala na vacina para as equipes de saúde, que estão expostas em primeiro lugar por motivos óbvios, se esquece desses profissionais. Entretanto, esses trabalhadores estão nos hospitais e abrigos públicos expostos a praticamente os mesmos riscos e nem sempre recebem os EPIs que necessitam para atender os familiares de vítimas ou moradores de rua. A segunda categoria é a dos cobradores e motoristas de ônibus. Com o fluxo de público dos ônibus urbanos sempre além da sua capacidade, eles são um espaço natural de circulação do vírus. Ainda que permaneçam com janelas abertas, o problema é a lotação que obriga a uma proximidade contagiante. Raras são as empresas que, no período de pandemia, ampliaram seus horários, mas o contrário é frequente.
E assim, sucessivamente, várias categorias estão sob risco. Cabe aos órgãos técnicos da área de saúde lutar por mais vacinas e para que as categorias realmente expostas a risco sejam incluídas no programa de vacinação, pois se não há vacina para todos por incompetência do governo, o que não pode acontecer é o governo transformar o programa de vacinação em espetáculo político. É uma vacinação, não uma corrida.
Doutor em Educação pela UFRGS
 
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