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Opinião

- Publicada em 28 de Dezembro de 2020 às 03:00

Natal no quintal

Antropologicamente, as sociedades humanas sedimentam suas regras, comportamentos, costumes e valores a partir de histórias dramáticas (mitos, lendas, sagas) que inspirem a coragem e a determinação de seus povos. Num ano tão anormal para as sociedades contemporâneas, cada qual, no seu quintal, é impelida a retornar à introversão e refletir sobre a mensagem da lenda cristã do Natal. Como todas as histórias do gênero, afinal, essa também é universal.
Antropologicamente, as sociedades humanas sedimentam suas regras, comportamentos, costumes e valores a partir de histórias dramáticas (mitos, lendas, sagas) que inspirem a coragem e a determinação de seus povos. Num ano tão anormal para as sociedades contemporâneas, cada qual, no seu quintal, é impelida a retornar à introversão e refletir sobre a mensagem da lenda cristã do Natal. Como todas as histórias do gênero, afinal, essa também é universal.
O espírito da humanidade é encarnado por uma criança. Por uma feliz coincidência, em português, a palavra "criança" vem de "criar". A Criação é fruto de um pensamento que nasce da liberdade e simplicidade de que toda criança desfruta ou deveria desfrutar. Por isso, essa criança nasce numa estrebaria, numa manjedoura de palha, junto aos animais, para enfatizar a importância do contato com o mundo real e natural para o ato de criar.
Só quem desce a este mundo é capaz de criar; não quem o abstrai e teoriza sobre ele. Só quem cria é que muda as coisas; não quem simplesmente as repete e reproduz. Por isso, o recém-nascido é considerado o filho de um Criador supremo (Deus), que representa o pensamento mais livre e desprendido do Universo. A criação, porém, é um ato tão raro e singular quanto uma criança nascida de uma Virgem.
O brilho de quem cria é tão natural quanto o da estrela-guia, que atraía reis e soberanos de todos os continentes (Reis Magos). Em compensação, o criativo é perseguido por uma malta de invejosos e ressentidos, cujo único desejo é crucificá-lo. Ele passa, então, a vida tentando demonstrar-lhes que, se desenvolverem a criatividade, serão libertos de toda inveja e ressentimento (pecados), que os aprisionam à matéria. Que, se seguirem esses ensinamentos, encontrarão o "Reino dos Céus".
Mas a descrença no poder da criação afasta os ímpios de toda mudança. Insistem tanto em seus erros que fazem sangrar na cruz o criador. Todavia, como a Criação não se reduz à matéria, o espírito criador ressuscita, sobe aos céus e conquista a vida eterna, para comprovar, definitivamente, que ninguém pode matar uma Ideia.
Assim se chega à Páscoa, isto é, a mudança ou passagem para uma fonte de vida que nunca se esgota, que nos faz renascer a cada ideia nova que nos inquieta. Essa conquista, contudo, pressupõe resistir corajosamente à ira, arrogância e inveja dos ressentidos. Para fiéis, agnósticos ou ateus, essa é a lenda cristã, a história da Criação. Pelos séculos dos séculos. Amém.
Professor de Economia, UFSM
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