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Opinião

- Publicada em 14 de Agosto de 2020 às 14:40

A Barraca do Beijo

Aceitei a sugestão da minha melhor amiga, duas décadas mais jovem: assistir a uma comédia romântica. A Barraca do Beijo, partiu. Vi confusa o relato inicial cheio de imagens, textos, quase me perdendo entre legenda e o crescimento cronológico das personagens. Senti já ali a força dessa geração multitarefa, que consegue conciliar a edição rapidíssima de imagens, a la Scorsese, uma coisa louca e acelerada demais para mim, confesso. A trama é básica, inclui o que mais gosto nessa linha de filmes bobos: o bailinho de formatura. Não há nada mais sedutor e que me arrebente em lágrimas do que ver a mocinha toda arrumada, enfiada em um vestido maravilhoso saindo de casa para o baile de formatura. Festa que geralmente acaba em confusão, desencanto, choro ou no beijo redentor. Há o abraço paterno, a sensação de que agora, sim, é uma mulher (e sempre há uma mãe morta nessas histórias), toda representação psicanalítica se funde em uma cena somente. Nesse filme especificamente, o nome já entrega: a barraca do beijo é a artimanha perfeita para fazer com que o desejo da mocinha seja concretizado. Arrecadado o fundo para a escola, a situação se perde quando a heroína se vê completamente enlaçada pelo irmão do melhor amigo. Tudo é festa, até mesmo o desencanto.
Aceitei a sugestão da minha melhor amiga, duas décadas mais jovem: assistir a uma comédia romântica. A Barraca do Beijo, partiu. Vi confusa o relato inicial cheio de imagens, textos, quase me perdendo entre legenda e o crescimento cronológico das personagens. Senti já ali a força dessa geração multitarefa, que consegue conciliar a edição rapidíssima de imagens, a la Scorsese, uma coisa louca e acelerada demais para mim, confesso. A trama é básica, inclui o que mais gosto nessa linha de filmes bobos: o bailinho de formatura. Não há nada mais sedutor e que me arrebente em lágrimas do que ver a mocinha toda arrumada, enfiada em um vestido maravilhoso saindo de casa para o baile de formatura. Festa que geralmente acaba em confusão, desencanto, choro ou no beijo redentor. Há o abraço paterno, a sensação de que agora, sim, é uma mulher (e sempre há uma mãe morta nessas histórias), toda representação psicanalítica se funde em uma cena somente. Nesse filme especificamente, o nome já entrega: a barraca do beijo é a artimanha perfeita para fazer com que o desejo da mocinha seja concretizado. Arrecadado o fundo para a escola, a situação se perde quando a heroína se vê completamente enlaçada pelo irmão do melhor amigo. Tudo é festa, até mesmo o desencanto.
Uma das lições que essas meninas passam é que são inabaláveis (sempre há outras na escola mais bonitas, mais ricas, fúteis ao extremo, beirando brega, mas nunca como elas, a essência de mulher perfeita dorme no corpo da mocinha). E vem a identificação com o espectador. Nunca nos sentiremos feias, inferiores, mal amadas, apenas estamos em situações constrangedoras, apartadas do amor verdadeiro. A mesma sensação que eu vivenciava aos 15, 18 anos, assistindo a comédias românticas dos anos 80. Bem mais simples em sua produção, porém caprichada na trilha sonora, com atores e atrizes que marcaram o coração de quem tem mais de 50 anos. Molly Ringwald é uma delas. A mocinha dos meus filmes diletos, como Sixteen Candles, Gatinhas e Gatões, O clube dos cinco e o imbatível A garota de rosa shocking. A ruiva mais linda das telas inteiras agora assume o papel de mãe dos meninos na Barraca do Beijo. Vê-la envelhecida (com a minha idade, aliás) foi um choque. Um peraí. Como ela, linda, musa da minha adolescência, envelheceu assim? E me dei conta que também definhei o corpo, encaro a pele sem colágeno, os vincos, a flacidez, entretanto a capacidade de me emocionar com a menina saindo para o baile, com vestido alinhado, o cabelo e a maquiagem impecáveis, segue. Essa capacidade de me emocionar não cabe em um calendário. Não se sustenta nos anos e nas rugas. O coração que bate com a alegria das personagens românticas, inteiras, inteligentes, que aceitam o amor do menino mais bonito e disputado da escola.
Jornalista
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