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Opinião

- Publicada em 07 de Agosto de 2020 às 16:05

Ninguém é legal 24 horas

Aprendemos na marra a sermos sujeitos melhores com nós mesmos. Geralmente, a vida (leia-se mundo ao redor) pede que sejamos bonitos, criativos, ricos, amorosos, pacientes, o que nos tonteia. Ninguém é legal 24 horas. Ninguém. Temos nossos perrengues pessoais, desejos insatisfeitos, manias, obsessões, tiques. Lidar conosco já é um desafio. A dois, três, pior. E como encarar a si em meio ao turbilhão da pandemia, enraizado na impossibilidade de se afastar, de ter umas férias, um descanso do outro, um aparte de si? Tem momentos em que a gente pensa: a vida cansa. Provavelmente rolou uma inveja. Pode ser do fulano que está bem financeiramente e não precisa se arriscar para trabalhar com público. Da sicrana que há meses come, come e come e segue esbelta postando diariamente suas receitas sensacionais. Do beltrano que consegue esbanjar tranquilidade abraçado ao pet e provavelmente tem uma lista de espera gigante de gente invejando o animal da foto.
Aprendemos na marra a sermos sujeitos melhores com nós mesmos. Geralmente, a vida (leia-se mundo ao redor) pede que sejamos bonitos, criativos, ricos, amorosos, pacientes, o que nos tonteia. Ninguém é legal 24 horas. Ninguém. Temos nossos perrengues pessoais, desejos insatisfeitos, manias, obsessões, tiques. Lidar conosco já é um desafio. A dois, três, pior. E como encarar a si em meio ao turbilhão da pandemia, enraizado na impossibilidade de se afastar, de ter umas férias, um descanso do outro, um aparte de si? Tem momentos em que a gente pensa: a vida cansa. Provavelmente rolou uma inveja. Pode ser do fulano que está bem financeiramente e não precisa se arriscar para trabalhar com público. Da sicrana que há meses come, come e come e segue esbelta postando diariamente suas receitas sensacionais. Do beltrano que consegue esbanjar tranquilidade abraçado ao pet e provavelmente tem uma lista de espera gigante de gente invejando o animal da foto.
Não importa qual seja a olhada que daremos para o lado, em algum momento baterá nossa insatisfação. Porque temos a certeza de que a rotina do outro é mais interessante do que a nossa. Como se nascêssemos no jogo de bingo mendigando um grão de feijão para fechar a cartela. Ninguém é tão miserável afetivamente. A miséria financeira existe e precisa ser combatida. A emocional independe de conta no banco ou limite de cartão de crédito. Verdade que é mais fácil se amar sem boletos vencidos, mas nem isso garante uma boa autoestima. O amor próprio é construção. Cai e levanta. Desce ao poço e volta. A dor é uma boa conselheira. O elogio, também. O que faz com que nos amemos é justamente equilibrar essas forças. Nem dor em excesso, nem elogio em excesso.
Olhar para si, como quem desnuda o improvável. Perceber tanta beleza sob os escombros depois de encarar as limitações. Começar a organizar cada gaveta é a metáfora que a vida manda. Na psicanálise, ao interpretar sonhos, Freud dizia que a casa é o nosso corpo. Comece por ela. Um cantinho de cada vez. E se for difícil, peça ajuda. Sempre. Pouco interessa o método de autoconhecimento - terapia, meditação, oração, respiração, exercícios, dança, leitura, música -, importante é pegar o balde e a vassoura, arredar os móveis e descobrir o quanto de beleza reside em si. Sabe aquela sensação de euforia quando terminamos a faxina e tudo reluz, os cômodos estão perfumados e dá vontade de se atirar no sofá para ficar contemplando? Pois é, amar a si tem o mesmo efeito.
Jornalista
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