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Opinião

- Publicada em 19 de Junho de 2020 às 03:00

Conviver com as migrações ambientais

Na última década, o número de pessoas forçadas a se deslocar por causa de desastres ambientais ultrapassou o de refugiados políticos. Em 2019, 24,3 milhões de pessoas migraram por causa de desastres ambientais mundo afora - número assustador que corresponde a mais de 70% dos deslocamentos no ano. As estimativas para as próximas décadas são ainda mais preocupantes: o Banco Mundial afirma que até 2050 haverá 140 milhões de pessoas deslocadas no Hemisfério Sul devido a desastres.
Na última década, o número de pessoas forçadas a se deslocar por causa de desastres ambientais ultrapassou o de refugiados políticos. Em 2019, 24,3 milhões de pessoas migraram por causa de desastres ambientais mundo afora - número assustador que corresponde a mais de 70% dos deslocamentos no ano. As estimativas para as próximas décadas são ainda mais preocupantes: o Banco Mundial afirma que até 2050 haverá 140 milhões de pessoas deslocadas no Hemisfério Sul devido a desastres.
As migrações ambientais são um fenômeno com o qual devemos aprender a conviver. Mesmo que mudemos a forma que lidamos com o meio ambiente, as alterações ambientais serão sentidas por anos.
Migrantes ambientais são pessoas que são forçadas a deixar suas casas e deslocar-se para outros territórios por algum tipo de alteração no ambiente que inviabiliza a sua permanência. São causadas pela forma como a humanidade intervém no meio ambiente, queimando combustíveis fósseis, desmatando florestas para a agropecuária e poluindo água e solo com agrotóxicos e plásticos. No Brasil, as populações mais vulneráveis são as mais expostas aos efeitos das alterações ambientais.
A maior parte dos deslocamentos é por secas e inundações, porém, se incluídas as pessoas que deixam seu território em razão de projetos de desenvolvimento (silvicultura, barragens, agropecuária etc.), tais números aumentam. Os efeitos negativos do nosso modelo de desenvolvimento são distribuídos desigualmente, e isso ocorre com a conivência da sociedade, em especial das classes altas urbanas, como nos mostram os casos das populações impactadas pelos desastres causados pela Vale em Minas Gerais.
A situação é mais preocupante se considerarmos o processo de desmonte da política ambiental brasileira e o aumento do desmatamento no período recente. É preciso agir para enfrentar a crise climática, reduzir a vulnerabilidade das populações atingidas e responsabilizar os causadores dos desastres ambientais, além de assegurar a dignidade no processo de mobilidade das pessoas atingidas.
Professora do Curso de Relações Internacionais/Ufrgs e Mestranda em Relações Internacionais na UnB
 
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