As famílias, em distanciamento social, estão participando diretamente do processo de educação dos(as) filhos(as), que, tanto na escola quanto dentro de casa, exige paciência, comprometimento e muita dedicação. Não é diferente educar em direitos uma sociedade doente. Doente por machismo, racismo, homofobia e todas as formas de discriminação e preconceito. Certo é que muitas doenças doem, mas, neste momento, uma tem doído muito, a violência contra a mulher. Na segunda-feira, dia 1º de junho, não foi diferente, mais uma morte foi noticiada, e o número de feminicídios aumentou neste período de pandemia.
Imenso tem sido o trabalho de educar e mostrar que a mulher merece respeito e ter sua integridade física e mental assegurada. E da mesma forma que se tem orientado as mulheres a procurarem ajuda, toda a sociedade tem sido chamada à responsabilidade de protegê-las. Cada vida perdida por conta de omissão deve pesar na sociedade.
Com o distanciamento social e a permanência dos casais em casa, enfrentando inúmeros problemas, dentre eles a crise financeira e o impacto emocional do isolamento, as mulheres estão, de fato, mais vulneráveis. Todavia, a violência não é fenômeno novo ou ocasionado pela quarentena, mas sim um problema que vem permeando a sociedade brasileira desde longa data. Inúmeros mecanismos estão sendo colocados à disposição das mulheres para procurarem ajuda. Devemos nos comprometer, nos mobilizar e nos unir. Mas não basta a mulher saber os seus direitos e a sociedade estar comprometida, é necessário que o homem - sim, o homem - seja educado. Mas não está sendo tarefa fácil educar os homens. Ainda mais quando paira o machismo patriarcal na sociedade brasileira.
Está na hora de mudar a forma de pensar a masculinidade. Estamos vivendo um período de medo, insegurança e a reação dos homens em face de sua fragilidade nessa realidade acaba sendo a violência. Por conta de contextos históricos, a masculinidade é reproduzida no dia a dia como uma prerrogativa de poder, o que não é aceitável.
Precisamos falar sobre masculinidade e mudar esse paradigma. É inadmissível que mais vidas sejam perdidas. Respeito pode e deve ser aprendido. Cada um de nós é responsável por mudar esta trágica realidade de violência contra as mulheres. É chegada a hora, e já chegou tarde, de o homem aprender a respeitar a mulher.
Presidente da Associação das Defensoras e dos Defensores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul