A segunda troca no comando do Ministério da Saúde em menos de um mês preocupa a todos, especialmente se consideramos o contexto atual, em que todas as atenções estão voltadas ao combate ao coronavírus. Depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta, foi a vez de Nelson Teich anunciar, na sexta-feira, que deixaria o posto.
Essa instabilidade não contribui para vencermos o desafio de superar a crise da Covid-19, com ações coordenadas entre os entes da Federação, tendo o Ministério da Saúde, evidentemente, um papel fundamental.
A volta à normalidade nos estados brasileiros não é tão somente uma atitude de querer ou não, naquilo que, em princípio, todos desejam.
O ideal seria reabrir o comércio, a indústria e as repartições públicas. No entanto, e sempre se repete, há uma condicionante fundamental, a preocupação com a saúde, que é a razão de ser do ministério - via Sistema Único da Saúde (SUS) - e das secretarias estaduais e municipais da Saúde, as que estão, diretamente, combatendo a pandemia nos postos avançados e nos hospitais das cidades.
Divergências pontuais são compreensíveis, entretanto, o debate público entre o presidente da República e os seus dois últimos ministros da Saúde - Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich - por divergências na questão do isolamento social e, agora, no uso do medicamento hidroxicloroquina, prejudicaram ações coordenadas e o avanço no combate à doença.
Infelizmente, o debate está sendo contaminado por posições políticas e ideológicas, ao invés de ter um caminho único e planejado, entre autoridades públicas e lideranças médicas e científicas.
Quando Brasil tem mais do que 15 mil mortes pela Covid-19, considerando-se que ainda não atingiu o pico da crise da pandemia, o momento é de planejamento de ações e execução. Trabalho conjugado com governadores e prefeitos, mesmo respeitando pontos divergentes, mas sem frentes de brigas por meio de redes sociais ou declarações avulsas grosseiras de parte a parte.
Seja o novo ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, seja o quadro que vier a assumir a pasta de forma definitiva, é importante, o quanto antes, coordenar as ações de combate ao coronavírus, começando pelos estados que mais têm sofrido, pela falta de isolamento social forte, como Amazonas e Pará.
A instabilidade administrativa no setor da saúde, em meio ao combate à pandemia, é prejudicial. Estabilizar o quadro e trabalhar, é isso que precisamos.