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Opinião

- Publicada em 15 de Maio de 2020 às 03:00

A tempestade perfeita

A todas as dificuldades que a economia gaúcha já enfrenta por causa da pandemia do novo coronavírus, agora soma-se outra: uma das maiores quebras de safra dos últimos tempos. Nas principais culturas de verão do RS, as perdas passam de 30% na soja e 25% no milho. Há problemas ainda na produção de feijão, de leite e de outros produtos.
A todas as dificuldades que a economia gaúcha já enfrenta por causa da pandemia do novo coronavírus, agora soma-se outra: uma das maiores quebras de safra dos últimos tempos. Nas principais culturas de verão do RS, as perdas passam de 30% na soja e 25% no milho. Há problemas ainda na produção de feijão, de leite e de outros produtos.
Ao todo, 12 milhões de toneladas de grãos estão perdidas, com um prejuízo que ultrapassa os R$ 15 bilhões. Imaginem o impacto disso não apenas no bolso dos produtores e na renda das famílias, mas também na economia de pequenos e médios municípios do interior - cujos setores de comércio e serviços dependem substancialmente da renda agrícola para sobreviver.
Depois de sete anos de relativa tranquilidade em relação ao regime de chuvas, o Estado voltou a enfrentar uma grave estiagem na safra 2019/2020. Esse fato não chega a surpreender: historicamente, a cada 10 safras, o Rio Grande tem sete com problemas mais ou menos graves de escassez de chuva.
A seca é a regra - não a exceção no calendário agrícola do Rio Grande do Sul. Chove bastante no inverno, mas os verões geralmente são secos. Por essa razão, há tempos, venho chamando a atenção de governos e representantes do setor primário para a necessidade de investir mais em reserva de águas da chuva, reuso e em projetos de irrigação de lavouras.
Em 2015, presidi, na Assembleia Legislativa, uma subcomissão que analisou o uso racional da água na agricultura, propondo soluções concretas. Com a volta da chuva, porém, a questão ficou relegada ao segundo plano no debate público. Agora, voltamos a nos deparar com esse velho drama.
Não é possível fazer agricultura profissional dependendo apenas dos humores de São Pedro. Neste ano de seca, quem irrigou lavouras de milho, por exemplo, colheu 200 sacos por hectare, ou até mais. Os produtores que não empregaram esse recurso, somente 60 sacos - ou menos. Essa é a lição que países que enfrentam cronicamente o problema da seca, como Israel, nos ensinam.
Mais cedo ou mais tarde, vamos ter de enfrentar seriamente essa questão incontornável: ou levamos a sério a necessidade de irrigação, ou viveremos eternamente às voltas com as perdas causadas por estiagens. Que a "tempestade perfeita" deste ano - em que tantos fatores negativos se conjugaram para prejudicar a economia gaúcha - enseje um ponto de inflexão na maneira de encararmos esses fatos.
Deputado estadual (PP)
 
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