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Opinião

- Publicada em 07 de Maio de 2020 às 03:00

Covid19: o esconde-esconde da atualidade

Era uma noite quente de verão e brincávamos na rua, como de costume, lá em Cacimbinhas. Éramos dez crianças, mais ou menos. A brincadeira preferida era esconde-esconde e, conforme quem fazia a contagem, era adotada a estratégia: mais perto ou mais longe do ponto de "batida" nos escondíamos e o tempo de permanência no esconderijo era decidido (que podia ser atrás de um carro ou na próxima esquina). Às vezes, alguns ajudavam àquele que fazia a contagem, outras a quem estava escondido. Independentemente disso, sabíamos de quem estávamos escondidos e o porquê, afinal de contas era só uma brincadeira.
Era uma noite quente de verão e brincávamos na rua, como de costume, lá em Cacimbinhas. Éramos dez crianças, mais ou menos. A brincadeira preferida era esconde-esconde e, conforme quem fazia a contagem, era adotada a estratégia: mais perto ou mais longe do ponto de "batida" nos escondíamos e o tempo de permanência no esconderijo era decidido (que podia ser atrás de um carro ou na próxima esquina). Às vezes, alguns ajudavam àquele que fazia a contagem, outras a quem estava escondido. Independentemente disso, sabíamos de quem estávamos escondidos e o porquê, afinal de contas era só uma brincadeira.
Estranhamente, nos dias atuais, também estamos em um esconde-esconde, mas que não é de brincadeira. E, diferentemente do outro, o inimigo é invisível. E permanecemos imóveis, dentro de casa, sem respirar, só espiando para a rua, olhando a tudo e a todos com desconfiança, adotando condutas preventivas, durante um espaço de tempo nem tão breve assim, afinal de contas lá se vão mais de 30 dias confinados... Como não enxergamos o inimigo, passados alguns dias, começamos a acreditar que a situação de risco havia diminuído e até desaparecido. Com isso, voltamos a dar o ar da graça do lado de fora.
Como na brincadeira, ficamos todo esse tempo de longe, espiando, medindo a distância entre "ponto de batida" e nós, e entre ele e aquele que nos estava procurando, para decidir se era melhor ir ou permanecer escondido. Atualmente, a questão é: sair de casa e retomar à rotina, correndo o risco de sermos "encontrados" pelo inimigo invisível ou permanecermos reclusos, esperando o tempo passar e o inimigo ir embora. Decisão difícil, diferente das tomadas nas noites de verão. Se naquelas o erro de estratégia gerava, no máximo, a próxima contagem e a procura pelos demais, hoje, a consequência é a dispersão de um vírus, muitas vezes, mortal.
Naquele tempo, tudo terminava quando nossos pais nos chamavam para casa, porque já era tarde, mas sabíamos que na próxima noite estaríamos todos juntos outra vez. Na "brincadeira" de agora, não sabemos quando ela vai acabar e nem quando vamos poder abraçar e beijar nossos familiares e amigos, pois o inimigo continua à espreita daqueles que se descuidam. Vivemos outros tempos, em que o isolamento físico é a realidade e o contato, virtual, bem diferente das noites quentes de verão da minha infância.
Promotora de Justiça/RS
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