Li, outro dia, em post de um amigo nas redes sociais, a frase "Contando os dias, sem saber quantos faltam". Desconheço o autor, mas certamente traduz um sentimento comum entre nós. O coronavírus chegou e, na melhor das hipóteses, está mudando a rotina das pessoas. A empresa Piccadilly está encerrando suas atividades em Santo Antônio da Patrulha. São 400 pessoas que serão demitidas, e não é a primeira leva de desempregados no município. Mas ver o emprego ir embora, passar por dificuldades e depender de assistência social são consequências desastrosas da pandemia. Porém a dor maior que presenciamos nesses dias são os funerais em valas comuns, sem que o ser humano possa se despedir do seu ente querido. Num tempo em que as mães brigam para tirar seus filhos do computador, casais deixam de conversar para atualizar o feed, em que estamos tão dedicados ao mundo virtual por vontade própria, nos vimos forçados a, cada vez mais, depender da tecnologia.
As relações de trabalho e de ensino foram adequadas imediatamente para funcionar a distância. A mudança rápida e de difícil absorção nos mergulha no tédio e numa vontade incontrolável de ir para as ruas, ver gente, esquecer o celular. Mas não podemos, a regra é ficar em casa. O ócio, embora digam que é a "oficina do diabo", tem despertado um sentimento bom em muitas pessoas. Sem dúvida, as ações de voluntariado amenizam o sofrimento de muitas famílias, tornam esses tempos mais leves e nos deixam bons ensinamentos. E quando tudo isso passar? Qual será o legado? Exemplos de solidariedade, mudanças de comportamento, humanidade...
A palavra para os trabalhadores que estão impedidos de exercer suas funções e mesmo para aqueles que estão na ativa é reinventar. As práticas comerciais mudaram, setores como o de hotelaria, eventos e viagens estão suspensos. E como será esta retomada para aqueles que terão esta oportunidade? Sem querer ser pessimista, mas sabemos que, em todas as áreas, incontável será o número de negócios e projetos que não sobreviverão. Muitos encontrarão a saída, e, alguns, já estão encontrando. Os artistas, uma das classes mais atingidas, impedidos de trabalhar neste momento, estão aproveitando as lives para chegar ao seu público. Vale pedir música e o couvert artístico pode ser depositado em uma conta bancária. Qualquer valor é bem-vindo. E é isso que precisamos fazer agora, estudar novas possibilidades de voltar à rotina depois da quarentena. É tempo de se preparar para a retomada em um mundo que estará diferente pós-Covid-19.
Prefeito de Santo Antônio da Patrulha (MDB)