Vista de cima, um grande aglomerado de edificações, ruas desertas, apenas a natureza se faz viva: as árvores respiram e os rios correm. Onde está sua população? A ativa, proibida de trabalhar, as crianças cercadas e os velhos segregados. Alguns poucos serviços básicos são prestados: garis sem equipamentos de segurança fingem que são imunes. Atores principais deste inesperado e indesejado espetáculos ocupam os espaços sob marquises: mendigos e catadores. A imensa frota de veículos está sem mobilidade. Somos conformados. De um momento para outro desapareceram os ajustes fiscais, o déficit corrente, a Lei de Responsabilidade e se busca a solvência com barganha de recursos federais em troca da contenção da epidemia. Não faz diferença a classificação social dependentes que estão de serviços médicos. Recolhidos em seus casulos, inertes, inoperantes, todos aguardam pelo pior e para o depois não sabendo quando.
Atiçados pelos meios fatalistas de comunicação imaginam ver filas de caixões nas ruas. Represados, os famintos adiam a explosão. A cidade está louca. E passado o vendaval, terá os sintomas cessados? Mera esperança. Sob o retorno do movimento, outra e talvez mais grave pandemia se abaterá e desta vez, não será com pão e água apaziguada.
Hordas de prestadores de serviços estarão buscando desesperadamente quem lhe tome o trabalho em troca de tostões. Comerciantes estocados não veem compradores entrarem em seus estabelecimentos. A indústria quer recursos para manter os empregos.
Um manancial de pequenos empreendedores que até então, com a crise econômica lutavam para manter o estabelecimento, abrindo mão do lucro para pagar o aluguel e os empregados, não abrirão. As grandes corporações abocanharão concorrentes capengas, concentrando ainda mais o poder econômico. Os agentes financeiros só darão crédito com garantias reais. Por fim, lutaremos todos pela manutenção do Estado, que deverá ver esgotada sua capacidade de fazer jorrar dinheiro.
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