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Opinião

- Publicada em 24 de Abril de 2020 às 03:00

Os dois lados da Ciência

Montserrat Martins
Ao mesmo tempo em que algumas pessoas morrem, muitas outras se desesperam com o desemprego e o fechamento de locais de trabalho. O que fazer quando acaba o dinheiro para comida e não há sequer esperança de emprego? Isolamento social não é cura, é um tempo para equipar o sistema de saúde, mas que ao mesmo tempo desestrutura a sobrevivência das pessoas. A ciência médica recomenda o isolamento, a ciência econômica recomenda o funcionamento do que for possível para evitar a miséria e a fome.
Ao mesmo tempo em que algumas pessoas morrem, muitas outras se desesperam com o desemprego e o fechamento de locais de trabalho. O que fazer quando acaba o dinheiro para comida e não há sequer esperança de emprego? Isolamento social não é cura, é um tempo para equipar o sistema de saúde, mas que ao mesmo tempo desestrutura a sobrevivência das pessoas. A ciência médica recomenda o isolamento, a ciência econômica recomenda o funcionamento do que for possível para evitar a miséria e a fome.
O dilema é imenso, porque as mortes começam a aumentar, até a metade de abril o Brasil perdera mais de 1.500 vidas devido à Covid-19 (chegando a 200 por dia), a grande maioria em São Paulo, e estava perto das 20 mortes no Rio Grande Sul.
Por outro lado, nesse mesmo período, havia mais de 400 municípios gaúchos sem casos de coronavírus - por que eles teriam de ter as mesmas restrições que os cerca de 90 municípios contaminados? A China isolou a região onde iniciou a pandemia, o que foi eficaz naquele momento. Não seria mais lógico impedir a circulação de um município para outro, ao invés de fechar o município todo?
Essa hipótese afetaria o direito de ir e vir, mas não há precedentes para esse tipo de crise, que gera a maior crise econômica desde 1929. Um município prefere fechar seu comércio ou suas estradas, entrando só os caminhões de abastecimento? No município de Campo Bom, o primeiro caso que apareceu (de paciente que viajara ao exterior) foi identificado pela saúde municipal, isolado, e seus parentes não se contaminaram. A ciência poderia ter uma estratégia de controlar essas situações. Os riscos de fato são grandes, porque as mortes começam a aumentar.
O fato é que não existe só um drama - o da contaminação e risco de morte pelo vírus - mas dois dramas igualmente graves, porque desemprego e fome também são trágicos. Não existe uma fórmula mágica, e o mundo todo vive esse dilema.
A melhor alternativa não depende de só uma ciência, a medicina, mas de duas, integrada à economia. Para que funcionem precisam de instrumentos adequados: testagem, rede hospitalar, respiradores, equipes de saúde. Pois se o prejuízo econômico é para a saúde ter tempo de se preparar, a estratégia de saúde tem de ser urgente, para permitir que as pessoas possam ser protegidas enquanto lutam também pela subsistência.
Médico
 
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