A triste lógica do mercado financeiro

Os números de infectados e as vidas interrompidas em decorrência da Covid-19 têm chocado o mundo, bem como também trazido grandes preocupações em relação à segunda onda: a quebradeira das empresas e o alto desemprego.

Para amenizar a crise, que já lembra a grande depressão de 1929, economistas recomendam a interferência rápida e eficaz do Estado. Em outras palavras, o governo federal deve agir para salvar, não só as vidas, mas também a subsistência da população. E, para isso, seguir o tão propalado mantra: distribuir renda mínima ao bolso de quem mais precisa e socorrer as empresas para manter os empregos.

Seguindo essa lógica, o governo federal, por meio do Banco Central, determinou o aporte de mais R$ 1 trilhão em liquidez aos bancos, condicionados ao pagamento dos empréstimos intermediados pelos próprios bancos.

A medida deveria ser senso comum. Isto é, aporta-se liquidez aos bancos para que estes socorram as empresas. Estas, por sua vez, mantêm os empregos. Os empregos mantidos propiciam o poder de compra, ainda que de forma precária. E, por fim, a roda que faz a economia girar segue funcionando. Porém, como deixou escrito Ruy Barbosa, o senso comum é o menos comum dos sensos.

Fato é que os bancos, detentores do capital, mesmo com a maior injeção de liquidez da história e com a redução de 0,5% da taxa básica, decidiram aumentar os juros. Aparentemente, não há lógica. Porém, se pararmos para analisar, em um país que possui, historicamente, bancos quebrados e banqueiros milionários as coisas começam a fazer sentido.

Por essa razão, o PDT ingressou na Justiça e logrou êxito na demanda. Agora, as instituições financeiras não poderão aumentar a taxa de juros ou intensificar as exigências para a concessão de crédito. Vitória da indústria nacional e da manutenção dos empregos!

Infelizmente, só foi possível obtermos êxito por meio da via judicial. Mas essa é a triste lógica do sistema financeiro. Certa vez, o industrial norte-americano Henry Ford afirmou que, se o povo entendesse, de forma clara, como funciona esse setor haveria uma revolução. Um dia terá de haver!