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Opinião

- Publicada em 13 de Abril de 2020 às 19:26

O silêncio dos bilionários

Amarildo Cenci
Amarildo Cenci
O último relatório da Oxfam, sugestivamente intitulado "Tempo de cuidar", revela que 2.153 indivíduos concentram mais riqueza que 4,6 bilhões de pessoas. O mais intrigante é que a economia mundial anda de marcha lenta. Contudo, a fortuna dos bilionários não cessa de crescer. Somente no ano passado, o patrimônio dos 500 ricaços aumentou 25%. Um seleto grupo de semideuses que possui US$ 5,9 trilhões.
Apesar de pouco conhecidos, são altamente influentes. Odeiam programas de distribuição de renda. Se dependesse deles, o Bolsa Família seria eliminado. Não suportam políticas públicas que garantem acesso universal à saúde. Ou seja, o nosso SUS é considerado uma aberração. São contra regimes públicos de previdência e seguridade social, advogam que cada um deve custear a sua própria aposentadoria. Amam programas de privatização. Como se alimentam de títulos da dívida pública, são vorazes defensores da austeridade fiscal. Costumam denunciar as legislações trabalhistas de excessivas e abominam a ideia de taxação de suas fortunas.
O Brasil também possui os seus bilionários. São 206, segundo a Forbes. Juntos ostentam um patrimônio declarado de mais de R$ 1,2 trilhão, quase 20% do PIB brasileiro. Somos uma terra ideal para o banquete dos endinheirados. Seus lucros e dividendos não são taxados e o imposto sobre propriedade e bens de luxo é uma bagatela. O setor financeiro, que últimos anos obteve lucros estratosféricos, foi agraciado com a diminuição de 25% para 17% da parcela dos depósitos compulsórios. São mais R$ 68 bilhões disponíveis nas burras bancárias. Dinheiro que poderia ser disponibilizado a 0% de juros para os pequenos e médios empreendimentos.
Em tempos de coronavírus, os bilionários se desdobram com ações de caridade, temendo que o debate sobre a taxação das grandes fortunas avance. Um aumento de 30% sobre o lucro líquido das instituições financeiras e a revogação da isenção do imposto sobre lucros e dividendos injetariam anualmente R$ 160 bilhões na economia, conforme a Anfip, o suficiente para combater a Covid-19 e voltarmos à normalidade. Já que não seremos mais os mesmos, é hora de projetar um mundo mais justo e sustentável.
Presidente da CUT-RS e professor
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