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Opinião

- Publicada em 08 de Abril de 2020 às 18:16

A pandemia da polarização

Você prefere morrer da Covid ou de fome? Em épocas normais, a resposta a essa pergunta seria simples: de nenhum dos dois! Contudo, em tempos de pandemia, de quarentena e, sobretudo, de sociedade extremamente polarizada, esse questionamento tem provocado acalorados debates nas redes sociais. E ocasionou uma nova fissura em um País que, há algum tempo, tem convivido com uma rixa política acima do razoável.
Você prefere morrer da Covid ou de fome? Em épocas normais, a resposta a essa pergunta seria simples: de nenhum dos dois! Contudo, em tempos de pandemia, de quarentena e, sobretudo, de sociedade extremamente polarizada, esse questionamento tem provocado acalorados debates nas redes sociais. E ocasionou uma nova fissura em um País que, há algum tempo, tem convivido com uma rixa política acima do razoável.
Não tenho a pretensão de apontar respostas para a crises sanitária e econômica que assolam o mundo inteiro. Afinal, se boa parte dos líderes mundiais, auxiliados por renomados especialistas, estão com dificuldade para encontrar saídas, resta-me ter humildade. Ouço os caminhos apontados por aqueles que dedicam suas vidas a estudar esses temas: infectologistas e economistas.
Bem, então qual o objetivo deste artigo? Alertar que esse acirramento de ânimos, essa forma de pensar o mundo como se fosse um "tudo ou nada" ou um "nós x eles", pouco auxilia na solução dos desafios – especialmente de problemas complexos como esses que estamos enfrentando.
A pandemia necessita ser encarada com máxima preocupação, como bem ilustram os dados divulgados diariamente. Por outro lado, é inconteste: não há como deixar de atentar para todos os problemas de ordem econômica decorrentes de um combate efetivo ao novo coronavírus.
Em uma sociedade marcada por tantas certezas, a resolução dessa equação exige prudência e a aplicação da antiga lição de Sócrates: "Só sei que nada sei". A construção de uma efetiva resposta a essas questões somente será possível se o mundo tiver serenidade, equilíbrio e bom senso. Ao invés de ficarmos buscando apenas ter razão, defendendo a qualquer custo um determinado ponto de vista, o momento pede que todos se desarmem e passem a ouvir mais, respeitar mais e discutir com seriedade, atentando sobretudo para o que dizem as partes técnicas.
A hora é de humildade, união e espírito coletivo – e não de destruição daqueles que pensam diferente de nós. A pluralidade é algo salutar! Ninguém é dono absoluto da razão, e a empatia é uma faculdade que auxilia sobremaneira na compreensão da nossa condição humana. Que este difícil período também sirva para que afastemos a pandemia da polarização excessiva. E possamos, sob o sopro de ares de solidariedade e humanismo, estabelecer novos níveis de debate e construção de uma sociedade efetivamente livre, justa e plural.
Procurador do Estado do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Apergs
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