A Livraria Palmarinca foi fundada em 1972, e, desde então, acolheu a diversos escritores gaúchos e leitores. Uma espécie de porto seguro no centro histórico de um Porto não muito Alegre, mas resistente. E assim era o Rui, um entusiasta da literatura como fonte de conhecimento, libertação e troca de afetos.
Publiquei meus dois livros de forma independente e com distribuição da Palmarinca. Uma parceria desde 2014 que rendeu propagação em bons pontos de venda e eventos como a Feira do Livro de Porto Alegre.
Rui mostrou-se alguém discreto, e incansável. Seu amor e trabalho pela literatura em um mundo que pouco lê, se cumpria na contra à mão: uma ponte a possibilitar a ligação das letras do escritor ao leitor. Caminho e viagem inteira.
Certa vez lhe disse da minha vontade de desistir de escrever e sobre a trajetória tão delicada de divulgar o que se escreve. Disse-me que nunca deveria parar, pois havia conhecido inúmeros bons escritores que desistiram lá no meio do caminho, lugar onde nunca deveria estar a literatura. E segui.
Sabemos não serem poucas as dificuldades na venda e divulgação de livros no Brasil de ontem; no Brasil de hoje, com bibliotecas sendo fechadas, livrarias operando no vermelho, e lista de livros clássicos proibidos. E o trabalho que ele fazia tinha sabor a tão esperada luz no fim do túnel, ou no mínimo, à companhia de quem conhecia as letras e orientava.
Sigamos na escrita, caro Rui, talvez sem o mesmo encanto e ingenuidade do início, mas com sonho planejado e determinação a não se entregar. Agradeço por tudo.
Publicitária e escritora