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Opinião

- Publicada em 28 de Janeiro de 2020 às 03:00

Brumadinho, a tragédia que ainda não foi punida

Transcorreu um ano da tragédia de Brumadinho, com o rompimento da Barragem 1. Sim, foi uma tragédia terrível. E, agora, houve a denúncia do Ministério Público (MP) de Minas Gerais contra a mineradora Vale, a auditora TÜV SÜD e 16 pessoas pelo rompimento, em 25 de janeiro de 2019. Dessa forma, também o MP divulgou a lista das 10 barragens da companhia em situação inaceitável de segurança. A real condição dessas barragens era ocultada das autoridades a fim de evitar impactos na imagem da empresa, em estratégia batizada pelos promotores de caixa-preta da Vale.
Transcorreu um ano da tragédia de Brumadinho, com o rompimento da Barragem 1. Sim, foi uma tragédia terrível. E, agora, houve a denúncia do Ministério Público (MP) de Minas Gerais contra a mineradora Vale, a auditora TÜV SÜD e 16 pessoas pelo rompimento, em 25 de janeiro de 2019. Dessa forma, também o MP divulgou a lista das 10 barragens da companhia em situação inaceitável de segurança. A real condição dessas barragens era ocultada das autoridades a fim de evitar impactos na imagem da empresa, em estratégia batizada pelos promotores de caixa-preta da Vale.
O documento, de junho de 2018, revela que a B1 sequer era ranqueada pela Vale como a estrutura com maior probabilidade de ruptura, a partir do cálculo das consequências econômicas. Classificada por um dos denunciados como tenebrosa, ela ocupava o oitavo lugar do ranking, que tinha no seu topo a Barragem Capitão do Mato, seguida por Taquaras.
O mais triste de tudo foi a morte de 272 pessoas, sendo que 11 corpos ainda não foram encontrados, apesar do trabalho insano dos bombeiros. Tudo isso mostra a necessidade de uma rígida fiscalização, ainda mais no Brasil, onde a teoria do malfadado "jeitinho" dá espaço para manobras protelatórias ou mesmo a não observância, como no caso de Brumadinho, de medidas de segurança essenciais. Não tomadas as medidas, as tragédias acabam sendo previsíveis, mas não evitadas. No Rio Grande do Sul, tivemos outra tragédia, mais antiga, e, agora, com o julgamento suspenso, da Boate Kiss, em Santa Maria.
Não se quer demonizar o trabalho da mineradora, no entanto, o que não é possível suportar é a falha grotesca, mesmo com avisos anteriores, sobre a fragilidade da contenção dos resíduos na Barragem 1 de Brumadinho. A negligência, agora, está sendo considerada como dolosa. A conclusão dos promotores foi a de que os funcionários da Vale detinham internamente profunda informação sobre a situação de criticidade de suas barragens, mas optaram por assumir riscos criminosos.
A Vale expressou, ante as acusações de dolo imputadas na denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, que é importante lembrar que outros órgãos também investigam o caso, sendo prematuro apontar assunção de risco consciente para provocar uma deliberada ruptura da barragem, na opinião da companhia.
Esta é uma lição - mais uma - dos problemas que o Brasil enfrenta e que não têm, por parte dos serviços públicos, a estrutura ou a excelência necessárias, principalmente em termos de fiscalização.
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