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Opinião

- Publicada em 27 de Janeiro de 2020 às 03:00

Pisa 2018: o bom, o mau e o feio

As notícias sobre o Pisa 2018 falam de uma década de estagnação no ensino no Brasil, de desigualdades entre escolas públicas e privadas e de como dois terços dos jovens brasileiros de 15 anos sabem menos que o básico. Fomos assim convocados a analisar o "mau Pisa". Segundo o relatório da OCDE, parece que surge um "bom Pisa" no qual todas as médias trianuais de desempenho médio são positivas e cuja variação de curto prazo (2015 a 2018) no desempenho médio é respectivamente de 5.5, 6.5 e 2.9 para leitura, matemática e ciência. O hiato entre nossos piores e melhores estudantes está estreitando em matemática. Afinal, o Pisa foi bom ou mau?

As notícias sobre o Pisa 2018 falam de uma década de estagnação no ensino no Brasil, de desigualdades entre escolas públicas e privadas e de como dois terços dos jovens brasileiros de 15 anos sabem menos que o básico. Fomos assim convocados a analisar o "mau Pisa". Segundo o relatório da OCDE, parece que surge um "bom Pisa" no qual todas as médias trianuais de desempenho médio são positivas e cuja variação de curto prazo (2015 a 2018) no desempenho médio é respectivamente de 5.5, 6.5 e 2.9 para leitura, matemática e ciência. O hiato entre nossos piores e melhores estudantes está estreitando em matemática. Afinal, o Pisa foi bom ou mau?

A verdade é que as últimas médias nacionais foram todas positivas. De 2015 a 2018, o Pisa de leitura passou de 407 a 413 pontos, o de matemática passou de 377 a 384 e o de ciências de 401 a 404 pontos. Isso significa que o estado de conhecimento dos nossos jovens está bom? De jeito nenhum! Há dois inconvenientes em não expor os fatos: deixamos de apreciar resultados das experiências educacionais inovadoras que temos; e deixamos de discutir fatores estruturais (que vão muito além de uma década de estagnação) e afetam, além da educação, o desenvolvimento humano.

Examinemos o caso da matemática. Poderíamos falar do machismo que permeia nossa sociedade e faz com que tenhamos um Índice de Paridade do Pisa de 0.88 na matemática devido à gênero. Não poderia faltar é claro o Índice de Paridade devido às desigualdades socioeconômicas, que chega a 0.26, entre os mais baixos do mundo. E de que trata tudo isso? Trata, por exemplo, de que nossos jovens não conseguem ser realmente protagonistas de suas vidas, pois não sabem lidar com percentagens, frações e números decimais. Pesquisa feita em 2017 pelo Instituto TIM mostrou que há uma rejeição à matemática entre as crianças brasileiras de 12-13 anos.

Seria um equívoco muito grande, no entanto, buscar soluções para a educação brasileira apenas olhando para um ponto. O que esperar de um País onde o 1% mais rico fica com 28% do PIB anual, cuja estrutura fiscal é uma das mais regressivas do mundo? Poderíamos esperar uma sociedade onde prevaleça a ideia de que o esforço não compensa: exatamente o que nos mostra o último "Pisa feio". O problema é mais complicado e não aparecerá enquanto não começarmos a discutir o "Pisa feio" e a não menos feia sociedade que o produz.

Economista

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