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Opinião

- Publicada em 20 de Janeiro de 2020 às 03:00

Lei Kandir, crise fiscal e desindustrialização

Em 1996, contrariando a Constituição Federal - que proíbe que a União crie isenções de tributos de competência de estados e municípios -, foi promulgada a Lei Kandir, isentando do ICMS as exportações, inclusive de produtos primários e semielaborados. Sob o lema "o que importa é exportar", foi rasgado o Pacto Federativo e foram lesados os estados e os municípios, que deixaram de receber o ICMS de suas exportações.
Em 1996, contrariando a Constituição Federal - que proíbe que a União crie isenções de tributos de competência de estados e municípios -, foi promulgada a Lei Kandir, isentando do ICMS as exportações, inclusive de produtos primários e semielaborados. Sob o lema "o que importa é exportar", foi rasgado o Pacto Federativo e foram lesados os estados e os municípios, que deixaram de receber o ICMS de suas exportações.
A alegação foi dar maior competitividade às exportações, mas, na verdade, foi uma tentativa de reduzir os prejuízos causados pelo câmbio supervalorizado do Plano Real - quando o real passou a valer US$ 1.
Isso levou à perda de competitividade das nossas exportações e a um enorme incentivo às importações, dilapidando as nossas reservas internacionais.
Qualquer estudo sério sobre o comércio mundial mostra que o Brasil não tem o poder de alterar os preços internacionais. Assim - com impostos ou sem impostos -, os preços internacionais serão os mesmos e o valor do ICMS subtraído aos estados e municípios irá parar nas mãos dos exportadores, aumentando os seus já elevados lucros.
Em consequência, o Rio Grande do Sul sofreu, entre 1996 e 2017, perdas não ressarcidas de R$ 59 bilhões, valor próximo dos R$ 68 bilhões da dívida ilegítima que o governo federal cobra do Estado. Desse total, R$ 15 bilhões (25%) seriam repassados aos municípios gaúchos. Assim - junto com as demais renúncias fiscais -, a Lei Kandir é a principal causa da crise financeira do Rio Grande.
Mas, o que é ainda mais grave, a isenção de impostos sobre a exportação de produtos primários e semielaborados incentivou uma acelerada desindustrialização do Brasil e do Estado, tornando-os exportadores basicamente de alimentos, minérios e matérias-primas.
Assim, o Rio Grande do Sul, ao invés de ampliar as exportações de produtos industrializados e de alta tecnologia - criando melhores empregos e gerando maior valor agregado -, ampliou suas exportações de gado em pé, couro cru, grão de soja e alimentos sem beneficiamento. Já a exportação de bens manufaturados caiu para 15% e a de bens de alta tecnologia para apenas 1,3%. E no Brasil, o peso da indústria - que nos anos 1990 chegou a 30% no PIB - caiu para 10%.
Até hoje, o repasse da União aos estados do valor das perdas sofridas não aconteceu. Segundo os cálculos feitos pelo Congresso Nacional, ele deveria ser de R$ 39 bilhões ao ano. É hora, portanto, de deixar de perseguir os servidores públicos e de apresentar soluções ilusórias, e enfrentar de fato as causas de fundo da crise do Estado!
Ex-deputado estadual (PCdoB)
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