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Opinião

- Publicada em 20 de Janeiro de 2020 às 03:00

Consequências econômicas do Sr. Guedes

Em 1925, John Maynard Keynes escreveu The economic consequences of Mr.Churchill. No referido artigo, Keynes analisa e prospecta os desdobramentos econômicos decorrentes da decisão de a Inglaterra ter restaurado o regime padrão-ouro. Indo na mesma direção, analisamos, en passant, as medidas econômicas de Paulo Guedes e especulamos sobre as suas consequências.
Em 1925, John Maynard Keynes escreveu The economic consequences of Mr.Churchill. No referido artigo, Keynes analisa e prospecta os desdobramentos econômicos decorrentes da decisão de a Inglaterra ter restaurado o regime padrão-ouro. Indo na mesma direção, analisamos, en passant, as medidas econômicas de Paulo Guedes e especulamos sobre as suas consequências.
Guedes, ao diagnosticar que a crise da economia brasileira no período 2015-2018 decorreu do desequilíbrio fiscal, da baixa produtividade dos fatores de produção e da ineficiência do Estado, centrou suas ações no lado da oferta. Assim, as principais medidas do ministro foram: implementação da reforma da Previdência, redução dos gastos públicos, retomada do processo de privatização e criação da MP da Liberdade Econômica.
Segundo nossa visão, apesar de alguns dos problemas econômicos diagnosticados e enfrentados por Guedes serem pertinentes, o principal fator que explica a referida crise é a insuficiência de demanda efetiva, caracterizada pelos baixos níveis de consumo e investimento e arrefecimento das exportações líquidas. Pois bem, objetivando a reversão da baixa relação investimento/PIB, a recuperação do consumo das famílias e a melhora do saldo da balança comercial são fundamentais:
(1) política monetária que tenha como metas tanto a estabilidade de preços quanto a expansão da renda e do emprego - a propósito, esse é o comprometimento dos bancos centrais que adotam o regime de metas de inflação; (2) ajuste fiscal conduzido pela ótica da responsabilidade e não pela lógica da austeridade fiscal - em outras palavras, adoção de políticas fiscais contracíclicas; (3) regime cambial que permita uma taxa de câmbio real efetiva estável e competitiva; (4) política industrial que absorva as mudanças tecnológicas em curso na economia mundial; (5) reforma tributária justa e eficiente; (6) recuperação real do poder de compra do salário-mínimo; e (7) política comercial que vá muito além das relações bilaterais, atualmente focadas nos Estados Unidos.
Especulando sobre o futuro econômico, sem medidas que estimulem a demanda efetiva e diante de um contexto no qual persista a miopia liberal de que o mercado pode prescindir do Estado, o crescimento econômico robusto e sustentável continuará, parafraseando Samuel Beckett, esperando Godot.
Professor titular da Ufrgs
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