Ano após ano, nossa desigualdade social segue escancarada. Novamente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e voltamos a cair no ranking mundial de 189 países. O IDH mede o bem-estar das populações considerando saúde (expectativa de vida ao nascer), educação (anos esperados de escolaridade e média de anos de estudo da população adulta) e renda nacional bruta per capita. Inspirado nos estudos dos economistas Mahbub Ul Haq (paquistanês) e Amartya Sem (indiano), o indicador surgiu em 1990. Desde então, nunca logramos chegar ao nível mais alto desta classificação alternativa de desenvolvimento, com foco no cidadão.
O Brasil passou da 78ª para a 79ª colocação em 2018, ficando com 0,761 pontos (quanto mais próximo de 1,000, maior o desenvolvimento humano). Depois de termos registrado avanços significativos entre 1990 e 2013, desde então a curva é descendente: já perdemos três posições, principalmente pelo fato de os indicadores na educação permanecerem em patamares muito baixos.
O período esperado para que os brasileiros fiquem na escola estagnou em 15,4 anos desde 2016 e a média do tempo de estudo da população adulta ficou em apenas 7,8 anos - mesma de 2017.
A desigualdade de renda é outra chaga da nação: os 10% mais ricos detêm 41,9% da renda total do País, segunda maior concentração de renda em todo o mundo, atrás apenas do Catar.
Há algumas evoluções tímidas: a expectativa de vida ao nascer passou de 75,5 para 75,7 anos e a renda nacional bruta per capita subiu de US$ 13.975 para US$ 14.068.
Na classificação geral, o melhor IDH é o da Noruega (0,954), seguido pelo da Suíça (0,954) e da Irlanda (0,942). Os três piores são Chade (0,401), República Centro-Africana (0,381) e Níger (0,377). Na América do Sul, o Brasil fica atrás do Chile (0,847), Argentina (0,830) e Uruguai (0,808).
Como alerta o PNUD: "As desigualdades no desenvolvimento humano ferem as sociedades e enfraquecem a coesão social e a confiança das pessoas no governo, nas instituições e umas nas outras. As desigualdades ferem também as economias, impedindo que as pessoas alcancem seu potencial no trabalho e na vida".
Os organismos internacionais têm denunciado: há muito a ser feito neste país-continente sempre em vias de desenvolvimento, para que tenhamos uma Nação mais justa, igual e solidária.
Jornalista, diretor da Associação Riograndense de Imprensa