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Opinião

- Publicada em 15 de Outubro de 2019 às 03:00

O outro, os outros!

Vivenciei um fato inacreditável. Presenciei um condutor de um carro entrar na contramão da via e percorrer 20 metros sobre o passeio público. Além de ter presenciado o fato, fui surpreendida, positivamente, pela atitude de motoristas que estavam parados no sinal. Assim como eu, eles repreenderam, ao som de buzinas, as irregularidades cometidas por aquele infrator. Não me cabe autuar, mas cabe a mim, cidadã, zelar pelo outro. E quem é o outro? O outro, ou os outros, são meus pais, meus irmãos, meus filhos, meus amigos. São os vulneráveis, os pedestres, os idosos, as crianças, os com dificuldades de locomoção, os animais.
Vivenciei um fato inacreditável. Presenciei um condutor de um carro entrar na contramão da via e percorrer 20 metros sobre o passeio público. Além de ter presenciado o fato, fui surpreendida, positivamente, pela atitude de motoristas que estavam parados no sinal. Assim como eu, eles repreenderam, ao som de buzinas, as irregularidades cometidas por aquele infrator. Não me cabe autuar, mas cabe a mim, cidadã, zelar pelo outro. E quem é o outro? O outro, ou os outros, são meus pais, meus irmãos, meus filhos, meus amigos. São os vulneráveis, os pedestres, os idosos, as crianças, os com dificuldades de locomoção, os animais.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) de 1998 deu aos órgãos de trânsito a tarefa de gerir a circulação de veículos, pessoas e animais nas vias públicas. De lá para cá, a tarefa agigantou-se. Administra-se mobilidade! A mobilidade urbana entendida como um desafio ao desenvolvimento das cidades, ao aumento da urbanização, às políticas públicas de transporte coletivo e ao expressivo uso dos veículos individuais. Uma mobilidade que trouxe consigo a necessidade de inserção do outro e de convivência com os outros. Do trânsito à mobilidade, eis, de novo, o outro! Ou melhor, os outros: as bicicletas, os patinetes, os aplicativos, os modais de transporte!
O sociólogo Zygmunt Bauman, há muito, referiu que, apesar de as cidades serem lugares onde estranhos permanecem em estreita proximidade, frente à necessária convivência, essa mesma proximidade parece ser inegociável para os cidadãos urbanos. Inegociável porque também pode ser desconfortável. O novo muda a previsibilidade de nossas ações, ao mesmo tempo em que é impossível escapar da proximidade. Mas Bauman complementa que a forma como agimos para satisfazer a necessidade de convivência nas cidades é uma escolha que fazemos dia a dia, por ação e por omissão, de forma intencional ou não.
O CTB, no artigo 1°, parágrafo 2º, prevê como dever do poder público a promoção do trânsito em condições seguras como um direito de todos. Sem desconsiderar esse dever, questiono: de que forma vamos exercer o nosso direito ao trânsito em condições de segurança? E o outro? Que escolhas eu faço em relação a quem não conheço? E os outros? Procuramos entender as novas alternativas de transporte frente à crescente circulação de veículos individuais?
Não temos todas as respostas. Aliás, melhor não termos, pois o novo outro, e os novos outros, sempre vão surgir, gerando a sensação de estranho e de inabilidade para com o desconhecido. Mas é preciso repensar constantemente: como tratamos o outro e como conviveremos com os novos outros?
Chefe de Gabinete da EPTC
 
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