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Opinião

- Publicada em 07 de Outubro de 2019 às 03:00

Futebol e a retinopatia da prematuridade

Há dias, no evento Fifa The Best (cerimônia que anunciou os destaques do futebol mundial na temporada 2018/2019), em Milão, quem realmente se destacou foram Silvia Grecco e seu filho
Há dias, no evento Fifa The Best (cerimônia que anunciou os destaques do futebol mundial na temporada 2018/2019), em Milão, quem realmente se destacou foram Silvia Grecco e seu filho
Nickollas. Ambos levaram o prêmio Fifa Fan Award, dedicado ao melhor torcedor do período. Em um discurso emocionante, a mãe contou como faz para narrar os jogos do Palmeiras, dentro do estádio, para o filho que é deficiente visual.
Além de não poder enxergar, o menino tem um leve grau de autismo. Como ele não gostava do fone de ouvido para ouvir as partidas, pois o impedia de escutar o hino do Palmeiras e a torcida, a mãe decidiu que narraria os jogos para o garoto. A história de vitórias dessa mãe e desse filho, entretanto, começou muito antes da premiação de segunda-feira. Nickollas teve a alegria de ter sido adotado por Silvia, após ter sido recusado por 12 casais em função da sua condição. Por nascer prematuro, aos cinco meses de gestação, e com peso de apenas 500 gramas, desenvolveu uma doença chamada retinopatia da prematuridade (ROP).
A ROP é uma enfermidade que acomete principalmente bebês prematuros, nascidos antes das 30 semanas de gestação e/ou com peso inferior a 1,5 kg. Em geral, a alteração é branda e não demanda tratamento, mas, nos casos mais graves, acontece um crescimento anômalo e desorganizado dos vasos sanguíneos da parte interna do olho que pode levar ao descolamento de retina e consequente perda visual. O acompanhamento de um oftalmologista nas primeiras semanas de vida é fundamental e deve ser feito frequentemente.
Na maioria das vezes, a ROP é algo tratável e tem sequelas evitáveis. O tratamento é realizado através de laser, injeções intraoculares ou cirurgia. Infelizmente, quando é necessária a última alternativa, o prognóstico visual é bastante limitado. Estima-se que a cegueira por ROP atinja entre 500 e 1,5 mil pacientes por ano no Brasil.
Felizmente, as novas tecnologias de tratamento da doença estão trazendo mais independência aos pacientes de baixa visão. Além disso, o aumento da conscientização sobre a ROP também está ajudando a educar a população em geral sobre uma doença pouco conhecida. Ou ainda, como disse Silvia Grecco em seu discurso comovente no palco do Teatro Scalla, enquanto segurava as mãos de Nickollas: "Pode falar para o mundo (...) que a pessoa com deficiência existe, que ela precisa ser amada, respeitada e incluída".
Médico oftalmologista
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