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Opinião

- Publicada em 26 de Setembro de 2019 às 03:00

Retirar lições de crises?

Uma das palavras que os brasileiros mais escutam nos últimos anos (provavelmente décadas ou séculos...) é "crise". A expressão normalmente vem associada a situações negativas: a "crise econômica", a "crise fiscal", a "crise do agro", "a crise do desemprego" e tantas outras variações. Está tão impregnada de preconceitos que é praticamente impossível extrair qualquer sentido positivo.
Uma das palavras que os brasileiros mais escutam nos últimos anos (provavelmente décadas ou séculos...) é "crise". A expressão normalmente vem associada a situações negativas: a "crise econômica", a "crise fiscal", a "crise do agro", "a crise do desemprego" e tantas outras variações. Está tão impregnada de preconceitos que é praticamente impossível extrair qualquer sentido positivo.
Contudo, observa Charles Duhigg que o senso de crise pode ser bastante útil para que revisemos rotinas e consigamos adaptar as nossas condutas (pessoais e corporativas), de modo a ajustá-las às novas exigências. Hábitos institucionais deveriam ser periodicamente discutidos, para garantir a funcionalidade. Mas isso nem sempre ocorre, especialmente se a pessoa ou a empresa vem encontrando sucesso em sua atuação, afinal: para que mudar aquilo que vem dando certo?
No entanto, as crises abrem janelas de oportunidades. Por vezes, podem ser tidas como necessárias, inclusive. Sublinha o autor que, durante uma turbulência, os hábitos organizacionais se tornam maleáveis o bastante tanto para realocar responsabilidades quanto para criar um equilíbrio de poder mais saudável.
A crise permite ajustes, com a revisão de procedimentos obsoletos e adoção de outros inéditos.
Lamentavelmente, ainda está presente a cultura de que o erro é algo proibido (quase um pecado), de sorte que as pessoas não deveriam admiti-lo e esforçar para encobri-lo. Admitir um erro, nessa perspectiva, seria reconhecer a fraqueza... Em paralelo, sujeitos sábios retiram proveito do momento de crise (ou da percepção de crise) para repensar e, eventualmente, reformular padrões, rotinas, procedimentos históricos.
Na sua obra O poder do hábito, o autor citado apresenta exemplos concretos de revisão de prioridades, procedimentos, técnicas empregadas no âmbito corporativo, a partir de momentos de crise. O grande incêndio da estação de King's Cross, em Londres, em 18 de novembro de 1987, deixou dezenas de mortos. Meia hora antes de as chamas tomarem conta do ambiente, funcionários visualizaram um lenço ardendo em fogo. Mas não era da alçada desses funcionários avisar bombeiros... A tragédia determinou a revisão de protocolos, e, hoje, a estação é modelo de segurança.
Não precisamos de tragédias para repensar e aprimorar o nosso agir. A lição vale para as pessoas e para as empresas. Visualizar e aproveitar as oportunidades abertas pelas pequenas crises que ocorrem em nosso dia a dia é uma missão difícil e que, pela sua complexidade, demanda perseverança e trabalho em equipe. Não é fácil. Os resultados, contudo, costumam compensar o esforço...
Professor da Pucrs
 
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