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Opinião

- Publicada em 19 de Setembro de 2019 às 03:00

O reclamo do procurador na Macunaíma

Recentemente, durante uma sessão extraordinária da Câmara de Procuradores, realizada na sede do Ministério Público de Minas Gerais, para discussão da proposta orçamentária para 2020, um procurador de justiça reclamou da baixa remuneração da categoria, denominando seu subsídio de "miserê", gíria que a civilidade impõe não adjetivar.
Recentemente, durante uma sessão extraordinária da Câmara de Procuradores, realizada na sede do Ministério Público de Minas Gerais, para discussão da proposta orçamentária para 2020, um procurador de justiça reclamou da baixa remuneração da categoria, denominando seu subsídio de "miserê", gíria que a civilidade impõe não adjetivar.
Tal tipo de reclamo é contumaz no Brasil oficial, insaciável pelo suor do contribuinte.
Segundo dados do Portal da Transparência, apenas nos primeiros sete meses do ano, o procurador em referência - que referiu, em sua reclamação, apenas o valor de seu subsídio - recebeu um total de R$ 562 mil - ou, líquido de R$ 477.927,39, em média, R$ 68 mil a cada mês.
O maior valor recebido foi em junho.
Somados com os "penduricalhos", a remuneração chegou a R$ 78.617,66.
Segundo John Stuart Mill (Representative Government): "o que os homens fazem depende do que eles pensam".
No Brasil oficial, o legado cultural lusitano fincou raízes profundas, especialmente no serviço público.
Os servidores, salvo raras exceções, pensam e agem como os antigos "letrados" - servidores responsáveis pelo sistema judiciário, do fisco e das forças armadas do reino português, no século XVI, que instituíram uma espécie de poder paralelo, locupletando-se com altos salários, privilégios, etc.
Aqui, o servidor "toma posse" ao ser investido em cargo público.
Em certos países civilizados de língua inglesa, por exemplo, servidores públicos servem ao povaréu, não se servem deste, já que há o swearing in - o juramento ou compromisso de servir.
Atrás da diferença dos conteúdos semânticos existe um abismo cultural.
E realidades díspares.
Resultado: nesses países, vige um sistema com eleições periódicas de confirmação para promotores, juízes etc., servidores públicos sujeitos a recall (junto com os legisladores), ficção na terra de Macunaíma, onde se muda tudo para continuar o mesmo sistema.
Advogado
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