Existe algo errado na venda das ações do Banrisul. A falta de transparência enseja importantes dúvidas em quem está acompanhando este processo: para onde vai o dinheiro que será arrecadado? O valor da venda é condizente com o patrimônio do banco? No intuito de esclarecer estas e outras questões, a Assembleia Legislativa realizou, recentemente, uma audiência pública sobre o tema, mas, infelizmente, os representantes do governo do Estado não compareceram. Ao fazer isso, deixaram de esclarecer detalhes da maior venda de ações do banco gaúcho.
A principal função do Parlamento é fiscalizar o Executivo. Sem o contraponto, as dúvidas só aumentaram. Especialistas que analisaram a transação chamaram a atenção sobre o valor das ações. Ao colocar à venda, de uma só vez, um significativo número delas, o mercado se retrai e, automaticamente, derruba o preço dos papéis. Com isso, o montante de R$ 2,2 bilhões que deverá vir desta negociação correspondente a um valor bem menor de que o banco poderia arrecadar. O atual governador tem legitimidade para oferecer a venda das ações, o que ele não pode fazer é liquidar o patrimônio público. O banco não é do governo, mas sim de todos os gaúchos.
A outra questão é a incoerência. Na campanha, o senhor governador Eduardo Leite foi enfático: "usar a venda de patrimônio para custeio? Na minha visão é criminoso, porque queima o futuro do Estado". Agora, mudou de opinião. Com jogo de palavras, tenta argumentar que os recursos serão para pagar o passivo e que isso não seria custeio. O que o governo precisa dizer, sem rodeios, é para onde, de fato, vai destinar estes recursos.
O alegado sigilo sobre essa matéria é cortina de fumaça para encobrir a incoerência do governo que vai vender o patrimônio público para pagar salário.
Deputado estadual (MDB)