Nosso País elegeu um tanto de sujeitos toscos. Eleitos como reflexo dos preconceitos enraizados nos brasileiros que se identificaram com esse perfil; e com a vontade de ser elite ao ponto lunático de se sentir elite mesmo contando os trocos para os boletos.
Até ao mais alto cargo, o sujeito que o ocupa conseguiu se projetar justamente quando estamos cercados, sem mérito algum, pela cultura do "phoda-se". Com o advento da internet, é possível estar de pijamas em casa, tomando um chazinho e trollando outro. Porque tudo flui na proteção da distância e sem o tête à tête. Logo, não existe nada mais libertador do que um "phoda-se".
Libertador, para mim, é quando deito na cama quentinha em noite de inverno rigoroso. Quando acordo às 6h30min para levar minha filha à escola, porque só o amor faria uma insone despertar nesse horário. É sair de casa todos os dias sabendo ter alguém que se preocupe com a gente. A boa companhia é libertadora.
O escrachado, a falta de filtro e insensibilidade está na moda, e se completa nas ações diretas e instantâneas sem qualquer reflexão prévia. Ao contrário do polimento, da sutileza, da educação, da observação. Causar efeito, impacto, lacrar, é o mais importante numa sociedade doente pela exposição, e que reflete tamanha malatia em suas escolhas. Na leitura motivacional do mandar o sujeito para àquele lugar, e as livrarias estão cheias desses livros; no presidente desqualificado, mas que fala o que pensa e como pensa. Mas pensa? E quem votou nele pensou nas consequências?
Todavia há quem pergunte: "cultura quando?". Nestes ainda resta a esperança de alimentar e cultivar nos outros o verdadeiro foco libertador: a empatia e todas suas cores.
Publicitária e escritora