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Opinião

- Publicada em 15 de Agosto de 2019 às 03:00

O empoderamento da revenge

Montserrat Martins
O Rei Leão agora foi acusado de ser um filme "machista", como as histórias de Monteiro Lobato já foram acusadas de "racistas" e quem não gosta da música de Pablo Vittar é acusado de "homofóbico". Um amigo professor universitário me explica que está errado falar "índio", mas é correto "indígena". Palavras que décadas atrás eram de uso popular corrente, como negro ou mulata, são hoje interpretadas como ofensivas. Interpretações geralmente vindas do mundo acadêmico, que ciclicamente estabelece novas tendências, palavras da moda como "empoderamento".
O Rei Leão agora foi acusado de ser um filme "machista", como as histórias de Monteiro Lobato já foram acusadas de "racistas" e quem não gosta da música de Pablo Vittar é acusado de "homofóbico". Um amigo professor universitário me explica que está errado falar "índio", mas é correto "indígena". Palavras que décadas atrás eram de uso popular corrente, como negro ou mulata, são hoje interpretadas como ofensivas. Interpretações geralmente vindas do mundo acadêmico, que ciclicamente estabelece novas tendências, palavras da moda como "empoderamento".
Analistas atribuem a vitória do Trump (e explica a de correlatos em outros países) à chamada "revenge", a vingança ou revanche contra o "politicamente correto" que impõe padrões do que as pessoas podem ou não podem pensar, rotulando quem pensar "fora da caixa" acadêmica do momento.
Na guerra de memes, surgiu o "eu sou mulher e voto em quem eu quiser" contra o meme do "ele não". O que explica o fenômeno da revenge, na psicologia de massas, é o sentimento de opressão psicológica proporcionado pela tentativa de tutela de segmentos da população - gênero, etnia, opção sexual - que deveriam estar alinhados com seus tuteladores.
No mundo real - ao contrário do mundo acadêmico -, a opressão não se resume ao fator econômico, mas inclui o autoritarismo psicológico, a rotulação, o enquadramento do pensamento em categorias, nas quais apenas as que estiverem de acordo com as tendências acadêmicas do momento são aceitas, enquanto as outras são estigmatizadas como perversas.
Atribuir perversidade de intenções a palavras de uso corrente e à pluralidade de opiniões na cultura popular, na qual a liberdade de pensamento e expressão é o derradeiro refúgio das pessoas humildes, significa uma pressão psicológica autoritária e opressiva que os defensores do politicamente correto sequer imaginam que estejam fazendo. São os "patrões psicológicos" das pessoas comuns, ou, no jargão político, a "patrulha ideológica", que decide o que é certo ou errado as pessoas pensarem.
Claro que tudo é muito bem fundamentado histórica, sociológica e linguisticamente, uma série de fundamentações acadêmicas que fazem as vítimas de tal patrulhamento ou se submeterem a ele, envergonhadas, ou repudiarem o mundo acadêmico como um todo, da mesma forma como muitos empregados odeiam os patrões quando se sentem excessivamente oprimidos pelo abuso de poder. Uma foto que fala por mil palavras é a da torcedora vestida com dizeres "antifascista" oprimindo a do time contrário. É assim que nasce a "revenge" que "empodera" os seus opositores e gera os Trumps da vida e seus correlatos em todos os continentes.
Psiquiatra
 
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