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Opinião

- Publicada em 09 de Agosto de 2019 às 17:30

Línguas indígenas e a educação

A UNESCO definiu 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas. Por todo o mundo, as nações que integram o sistema da Nações Unidas voltam seus olhares para um dos grandes desafios que vivem os seus povos originários: a preservação das línguas.
A UNESCO definiu 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas. Por todo o mundo, as nações que integram o sistema da Nações Unidas voltam seus olhares para um dos grandes desafios que vivem os seus povos originários: a preservação das línguas.
Calcula-se que dois terços das 274 línguas indígenas ainda faladas no Brasil corram risco de extinção. Por volta dos anos 1500, havia mais de 1.000 diferentes línguas, conforme o Atlas das Línguas em Perigo, publicado pela UNESCO.
Se os indígenas viveram as tragédias do extermínio e viram sua população diminuir drasticamente, ao longo dos últimos séculos, agora também temem pela extinção da cultura contida no idioma de seus ancestrais. São vários os motivos para que isso ocorra: o contato com outras culturas, a idade avançada dos falantes e a falta de valorização dos povos indígenas.
Com o esquecimento da língua, desaparecem tradições, valores e rompem-se as pontes que existem entre as novas gerações e aqueles que os antecederam. É um extermínio cultural, que gera ainda consequências como a perda do sentido de pertencimento e da autoestima das novas gerações dessas comunidades.
A responsabilidade pela preservação da língua materna não é apenas dos povos indígenas ou dos órgãos oficiais. É de toda a nação, cuja cultura deriva daqueles que já estavam aqui quando os portugueses chegaram. Da mesma forma, não é apenas nas 2.373 escolas públicas indígenas de educação básica que ensinam língua indígena hoje existentes que esse desafio deve ser trabalhado continuamente.
Todas as escolas brasileiras devem mostrar às crianças e jovens que indígenas não são esses personagens caricaturais desfilando no carnaval ou que povoam os livros didáticos apenas pela chegada dos portugueses. São povos e comunidades de brasileiros vivos no século XXI, sofrendo graves dilemas, que merecem reconhecimento, respeito, tratamento digno, oportunidades iguais e também condições para que possam preservar suas culturas e difundi-las para as próximas gerações.
No dia 9 de agosto, sexta-feira passada, ocorreu o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Precisamos rever nossos conceitos e preconceitos sobre os povos indígenas, tão difundidos em nossa sociedade. Preservar as línguas indígenas significa proteger um patrimônio cultural de valor incomensurável, que nos pertence e ao qual também pertencemos. É um direito das futuras gerações receber essa herança.
Pedagoga e coordenadora nacional do Programa das Escolas Associadas da UNESCO
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