Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 22 de Julho de 2019 às 18:12

Um País caro e injusto

O economista Edmar Bacha encontrou, num neologismo criado no longínquo ano de 1974, uma forma de demonstrar as contradições da economia brasileira. Belíndia, na analogia de Bacha, seria um país que resultaria da junção da Bélgica com a Índia, com leis e impostos do primeiro, e com a realidade social do segundo.
O economista Edmar Bacha encontrou, num neologismo criado no longínquo ano de 1974, uma forma de demonstrar as contradições da economia brasileira. Belíndia, na analogia de Bacha, seria um país que resultaria da junção da Bélgica com a Índia, com leis e impostos do primeiro, e com a realidade social do segundo.
 
Vamos tomar a questão da carga tributária sobre a pessoa física, para ficarmos apenas num exemplo do nível de insanidade fiscal em que vivemos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), somente no dia 3 de junho começamos a trabalhar para nós mesmos. Tudo aquilo que ganhamos de 1º de janeiro até o dia 2 de junho, foi para pagar impostos. Impostos sobre a renda, sobre o consumo e sobre o patrimônio. Mais de 40% da nossa renda foi para o governo.
 
O pior talvez nem seja a excessiva carga tributária que é escorchante, mas a inacreditável falta de correlação entre aquilo que pagamos e o que recebemos em troca. Na verdade, a meu ver, uma dupla incidência de impostos. Pagamos muito e recebemos pouco, ou seja, nosso dinheiro simplesmente evapora nas mãos do governo para pagamento, em grande medida, de salários e aposentadorias dos funcionários públicos.
 
Numa análise rápida, pensem nos serviços que deveríamos usufruir diante da altíssima carga tributária. Com 41% da nossa renda indo para o governo, poderíamos ter a justa expectativa de recebermos segurança pública que nos permitisse andar sem preocupação nas ruas, que as escolas fossem um lugar adequado para educar nossos filhos, e que a saúde pública realmente fosse universal e gratuita. Poderíamos imaginar que as estradas fossem seguras, que nossas praças estivessem limpas e o mato aparado nas áreas públicas, que não fosse um suplício retirar uma guia numa repartição pública qualquer.
 
Entretanto, não é isso que vemos. Para termos os serviços de um estado que não cumpre seu dever, pagamos pela nossa segurança em cada um dos edifícios ou condomínios em que moramos, matriculamos nossos filhos em colégios particulares e investimos mensalmente parte dos nossos salários em planos de saúde e previdência.
 
Somando tudo, a conta não fecha em 41% de impostos sobre nossa renda. É muito mais! É um verdadeiro acinte. O Brasil está muito caro para a classe média e extremamente injusto e ausente para os pobres. É preciso, com urgência, tornar o estado mais leve e mais eficiente. Não há tempo a perder.
 
Menos impostos para quem produz, aí incluída também a já esfolada classe média, mais investimentos em saúde, educação e segurança pública. Sem isso, continuaremos a ser o País do futuro sem presente.
 
Mestre em administração de empresas
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO