Em dois dias, três empresas fecharam no Estado, levando mais de 500 trabalhadores às fileiras de desempregados do País. Numa segunda-feira, a Duratex, em São Leopoldo, demitiu 480 pessoas. No mesmo dia, outros 18 funcionários eram desligados na planta da Nestlé, em Palmeira das Missões.
Em seus comunicados, Nestlé e Duratex traziam praticamente as mesmas justificativas: reorganização das atividades e centralização da produção em outras plantas, a fim de manter a competitividade. É o retrato da luta que os grupos empresariais travam para sobreviver em tempos nos quais a média do nível de ociosidade dos parques industriais supera os 30% no Brasil.
Mas foi o encerramento das atividades da Metalúrgica Bringhenti, de Guaíba, que mais me impactou. O último parágrafo da notícia publicada na edição de quarta-feira (03/07/2019) do Jornal do Comércio escancarou uma realidade que há muito percebo, reflito e trabalho para combater: a falta de um ambiente de negócios favorável e atrativo no Rio Grande do Sul.
Aos 69 anos, Ivânio Bringhenti, fundador da empresa que empregava 17 pessoas, conta que abriu o negócio aos 28 anos e hoje se sente cansado. O filho não demonstrou interesse na sucessão. Os investimentos necessários para manter a operação não valiam a pena. Nenhuma proposta interessante surgiu para que ele pudesse passar a empresa adiante. É o reflexo de todas as dificuldades vividas pelos empreendedores brasileiros.
Em 2018, o Banco Mundial divulgou relatório que coloca o Brasil no topo do ranking mundial da burocracia, com mais de 2 mil horas de trabalho e R$ 60 bilhões despendidos anualmente apenas em burocracia tributária.
A legislação tributária brasileira pesa aproximadamente 7,5 toneladas. É literalmente maior que um elefante! A constatação é do advogado Vinícios Leôncio, que acompanha o tema há 23 anos.
Nas nossas escolas, salvo raríssimas exceções, os alunos saem do Ensino Médio sem qualquer noção de empreendedorismo - algo que queremos modificar a partir do projeto de lei que protocolamos na Assembleia propondo a criação da disciplina de empreendedorismo e inovação nas escolas públicas do Rio Grande do Sul.
As empresas gaúchas e brasileiras não fecham por acaso. Elas fecham em razão das nossas práticas, da nossa mentalidade. Enquanto não fizermos uma profunda reforma tributária, enquanto não desburocratizarmos o Estado, enquanto não mudarmos nossa essência, nos transformando em empreendedores por natureza, e não por necessidade, continuaremos nessa montanha-russa.
Deputado estadual (MDB)