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Opinião

- Publicada em 18 de Junho de 2019 às 03:00

Educação para a elite

Durante os anos em que prestei consultoria para grandes empresas, uma das maiores dificuldades era encontrar pessoas qualificadas, um perfil especialmente necessário para trabalhar em projetos complexos.
Durante os anos em que prestei consultoria para grandes empresas, uma das maiores dificuldades era encontrar pessoas qualificadas, um perfil especialmente necessário para trabalhar em projetos complexos.
Mão de obra qualificada sempre foi um problema para empreendimentos no País, e ela reflete antes um problema social crônico: no Brasil, o acesso à educação de qualidade foi historicamente naturalizado como privilégio da elite. Entre avanços e retrocessos, esse definitivamente permanece a maior barreira ao desenvolvimento. Não conseguimos chegar a consensos fundamentais sobre educação, como fizeram muitos outros países. Na educação, como em outras áreas, os governos Lula e Dilma tiveram erros e acertos. Entre os acertos está a ampliação histórica no número de universidades federais, que ajudou a dobrar as matrículas em universidades (públicas e privadas).
Também houve acerto no aumento do investimento em educação básica através do Fundeb - o que se refletiu até mesmo na melhora significativa da avaliação internacional Pisa - criticado por muitos como excessivamente orientado a demandas de mercado. No entanto, esses governos também cometeram muitos erros. Um deles foi o uso quase indiscriminado de orçamento público para fomento do mercado de educação privada. Houve, ainda, deformações na carreira dos professores federais, com resultado prático do achatamento do salário desses docentes.
Contra esses - e outros - erros de Lula e Dilma, sindicatos e estudantes foram às ruas e se manifestaram em 2003, 2005, 2012 e 2015, com greves. Mas talvez nenhuma dessas manifestações tenha mobilizado tanta gente e demonstrado tanta força quanto as que ocorreram nos últimos 30 dias. Isso porque, também pela primeira vez, vemos um descaso e uma grande irresponsabilidade com a educação.
O atual governo conseguiu reproduzir os erros de governos passados, cometer os seus próprios, e ainda romper com o diálogo democrático com a sociedade civil: ataca moralmente os professores, corta verbas em áreas humanas e sociais, denunciando pouco traquejo para entender questões humanas e sociais, descumpre a lei do Plano Nacional da Educação sobre investimentos em educação, interrompe bolsas, comprometendo pesquisas em andamento, e contingencia verbas, causando a paralisação de serviços essenciais em instituições de ensino.
Em qualquer sociedade, educação e pesquisa são condições para o desenvolvimento, pois previnem a precariedade social e diminuem a dependência tecnológica. Infelizmente, apesar de o atual governo ter se declarado patriota desde a campanha, tem priorizado o desenvolvimento de outras nações que admira ideologicamente. Mas não é a Nasa que precisa estudar o brasileiro, somos nós mesmos.
Engenheiro e professor de Administração/Ufrgs
 
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