Seja mais pragmático, governador

Não há dúvida que as ideologias podem transformar o mundo. Foi assim com o Iluminismo na Europa nos séculos XVII e XVIII, que desencadeou na Revolução Científica, da qual se sucedeu uma série de invenções tecnológicas. Mas nem sempre a ideologia contribui para o bem. Nos anos 1930-1940, com a ascensão do nazi-fascismo, na Europa, estes regimes autoritários adotaram práticas imperdoáveis e que custaram milhões de vidas.

No Rio Grande do Sul, guardadas as proporções, decisões apenas ideológicas de nossos governantes também tiveram altos custos. Vendemos estatais sem melhorar as contas públicas, aderimos a acordos federais, que aumentaram nossas dívidas e espantamos investimentos de grande porte, que poderiam ter gerado emprego e renda. Decisões irreversíveis, que ao contrário do defendido na época, resultaram em maior endividamento do Estado gaúcho e baixo desenvolvimento socioeconômico. Estamos, atualmente, mesmo com um novo governo, em igual direção. O governo gaúcho sequer consegue apresentar trabalhos instrumentalizados que comprovem a viabilidade econômico-financeira de suas propostas, que a bem da verdade, são siamesas de seu antecessor. Mantém, sem questionar a sua eficiência, a política das isenções fiscais, que se mostrou ineficaz para o estímulo da produção e emprego no Rio Grande do Sul.

O governador parece bem-intencionado, porém, precisa estar ciente das consequências de seus atos, sob pena de ser responsabilizado pelas próximas gerações, comprometendo sua trajetória na política e, sobretudo, o bem-estar do povo gaúcho. Só ideologia é insuficiente para governar.

Portanto, seja mais pragmático e não tenha medo, governador! Solicite o aprofundamento de estudos que subsidiem as suas ações; estimule a participação da sociedade, e, se necessário, convoque, sim, a população para decidir via plebiscitos, como prevê a nossa Constituição Estadual.