A ação da Justiça e o combate à corrupção no País

Para quem julgava que a acusação, o julgamento e a prisão de governadores, parlamentares e, especialmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrariam a Operação Lava Jato, suas investigações e consequências jurídicas, agora, observa o seu engano. O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) foi preso em São Paulo, em mais um desdobramento da Lava Jato. Além de Temer, o ex-ministro Moreira Franco e o ex-assessor de Temer, coronel Lima, também foram alvos da operação.

A prisão se baseou na delação premiada do dono da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho, que diz ter pagado R$ 1 milhão em propinas com o conhecimento de Temer. O valor teria sido acertado a pedido do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente, e do ex-ministro Moreira Franco. Trata-se de inquérito de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro nas obras da usina Angra 3, sob responsabilidade da estatal Eletronuclear. Temer deixou o governo com três denúncias criminais para responder na Justiça. Aturdidos, perplexos e, a maioria, irritados, milhões de brasileiros souberam, novamente, da repetição de caso de corrupção no mais alto escalão governamental.

Mesmo que não sirva de consolo, desde que o Brasil é Brasil, crises políticas e financeiras - geralmente juntas - acompanham o País em sua trajetória de evolução e crescimento. Parece que temos um DNA da corrupção que perpassa gerações, "desde o Descobrimento", como afirmam setores partidários.

Corrupção ampla e geral, mas espera-se que não seja irrestrita. As instituições têm que continuar funcionando, especialmente o Legislativo e o Judiciário, escoimados dos maus integrantes que estão sob suspeitas de atos ilícitos. 

Tudo isso é triste, muito triste, mesmo que legal. Estamos neste mar de lama ética e moral há anos, e, agora, tudo indica a má índole permeia a República. Claro, não é de hoje, somente deste ou de governos anteriores. Justo quando alguns indicadores econômico-financeiros davam mostras de uma pequena, mas repetida mensalmente, recuperação, afundamos no lamaçal. Lamentavelmente, é uma nódoa que perpassa governos, maculou a República desde 1889 e, hoje, faz o Brasil desabar imerso em um sentimento de aniquilamento moral. Que a Justiça continue a empunhar sua espada para expurgar da vida pública os que nela se locupletaram.

Pelo divulgado por meio da Operação Lava Janto, os indícios são consistentes, e as provas serão divulgadas. É melhor que seja assim, ou a catilinária que diz que a Lava Jato mira tão somente integrantes de um partido - algo que não corre, definitivamente, pelas prisões anteriores de integrantes ou ex-integrantes de outras greis partidárias - continuará a ser repetida. A esperança é a de que, assim, acabará sendo considerada uma verdade.

Não podemos compactuar, pela impunidade, com o mar de lama que conspurca a mente e os corações brasileiros. O Brasil espera que os culpados sejam punidos na forma da lei, sem mais delongas. A nacionalidade cansou de tantos desmandos enquanto sofre os reflexos de uma crise econômico-financeira que deixou um rastro de 12,2 milhões de desempregados, uma tragédia social jamais vista no País. Agora temos as opiniões favoráveis, a maioria, pela prisão, enquanto outros julgam medida açodada e que fere os princípios básicos do Estado Democrático de Direito. No exterior, a repercussão foi imediata, pelo Brasil passar por momentos tão complicados.