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Opinião

- Publicada em 27 de Janeiro de 2019 às 01:00

Irresponsabilidade repete tragédia em Minas Gerais

Foi em 5 de novembro de 2015 que ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, em Mariana, Minas Gerais, vitimando 19 pessoas. Passados pouco mais de três anos, a história se repete, desta vez em Brumadinho, também em Minas Gerais, com o rompimento de outra barragem da Vale.
Foi em 5 de novembro de 2015 que ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, em Mariana, Minas Gerais, vitimando 19 pessoas. Passados pouco mais de três anos, a história se repete, desta vez em Brumadinho, também em Minas Gerais, com o rompimento de outra barragem da Vale.
O acidente, segundo especialista, será menos danoso ao meio ambiente, se comparado ao anterior, porém, acarretará mais dor e sofrimento em razão de um número bem maior de vidas perdidas. Já são quase 60 mortos, número que tende a aumentar, e mais de três centenas de desaparecidos.
A barragem de Fundão abrigava cerca de 56,6 milhões de m3 de lama de rejeito. Desse total, 43,7 milhões de m3 vazaram. Os rejeitos atingiram o rio Doce e alguns de seus afluentes, destruindo comunidades inteiras e deixando milhares de moradores da região sem água e sem trabalho.
Em Brumadinho, o rompimento ocorreu no início da tarde de sexta-feira, na Mina do Feijão. Segundo a própria Vale, vazaram 12 milhões de m3 de rejeitos, bem menos do que em Mariana, porém, no caminho da lama estava a centro administrativo da empresa, onde havia mais de 300 funcionários e terceirizados da empresa.
A conclusão a que se chega é que faltaram medidas preventivas para prevenir esta segunda tragédia - outro estúpido acidente que, segundo especialistas, poderia ter sido evitado se medidas de monitoramento e controle tivessem sido tomadas. Os primeiros números sobre desaparecidos já davam a ideia da gravidade do episódio. A enxurrada de lama levou pela frente e destruiu tudo o que encontrou, inclusive vidas humanas.
E novamente um rio foi ferido, pois a lama encontrou as águas do Paraopeba, que abastece 6 milhões de pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Equipes de bombeiros de vários estados, policiais civis e militares, médicos e enfermeiros apoiados por aeronaves e helicópteros trabalham bravamente em busca de sobreviventes. É possível, no entanto, que diante da espessa camada de lama, nunca se saiba exatamente quantas pessoas morreram nesta que já é considerada uma das maiores tragédias humanas do País, fruto da irresponsabilidade, da falta de planejamento, e de inspeções adequadas e periódicas.
Alguns poderão alegar que trata-se de uma fatalidade ou obra do destino. Nada disso. Em nome das vítimas e da brutal incompetência deve-se apurar e punir com rigor os responsável. Ou, em breve ou daqui alguns anos, estaremos lamentando por outro rompimento com todas as consequências sendo repetidas.
O rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, levou o Congresso a repetir uma velha fórmula de reação a tragédias. Instalou comissões sobre o assunto, levou parlamentares ao local e propôs alterações legislativas. Um dos principais caminhos apontados por senadores envolvidos com o tema para evitar novos desastres, porém, também repetiu o que costuma ocorrer nos anos seguintes à comoção: não andou.
Só depois de três anos do rompimento em Mariana, um acordo de indenização para as famílias afetadas foi fechado. O acordo prevê a "reparação integral dos direitos dos atingidos". A medida contempla os "danos materiais e danos morais", a partir de um levantamento feito com base em um cadastro que contém os dados das pessoas afetadas. A vila em construção para realocação dos habitantes do distrito de Bento Rodrigues, destruído pela avalanche de lama, prevista para ser inaugurada neste ano, ficou para 2020. Espera-se das autoridades mais agilidades para a reparação dos danos materiais, já que os dramas humanos jamais serão compensados.
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