Em 23 de junho de 2016, foi realizado um plebiscito na Inglaterra em que os cidadãos votaram se desejavam permanecer ou não como membros da União Europeia. O resultado da votação foi favorável à desvinculação do bloco, com 51,8% do total de votos. Essa semana assistimos ao dia mais decisivo desse processo, apelidado de "Brexit", quando foi votada (e rejeitada) a proposta de acordo de saída, prevista para o dia 29 de março. No plebiscito realizado há três anos e que culminou na votação de terça-feira, dia 15, havia uma simples pergunta na cédula eleitoral: "Deve o Reino Unido permanecer como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?". As únicas respostas possíveis eram "permanecer" e "sair", sem precisar quais seriam as condições dessa possível saída. Agora, esse é o principal desafio encarado pelo governo britânico, que está enfrentando duras críticas e derrotas ao tentar concretizar a decisão de seu povo.
Tal caso é ótimo exemplo para ilustrar as críticas vãs e improdutivas que nos atingem dia após dia. Afirmar que se está insatisfeito, fazer críticas ou desejar sair de determinada situação é muito fácil. O difícil é colocar em prática, transformar, ter iniciativa para contornar desafios e condições desfavoráveis. Muitos criticam a situação em que se encontram, mas, no momento de articular-se politicamente, propor uma solução ou pôr em prática uma iniciativa, são poucos que o fazem. Seja na Inglaterra, seja no Brasil.
Dizer-se insatisfeito com a União Europeia e os problemas a ela associados é simples, mas ninguém pensou em como isso seria feito, nem sequer se aceitariam as condições necessárias para retirar-se do bloco. Como diz a expressão inglesa, "talk is cheap" - falar é fácil. Difícil é efetivamente sair da zona de conforto e ir atrás de uma solução. Ou, no caso da Inglaterra, sair da zona do euro.
Administradora e associada do IEE