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Opinião

- Publicada em 31 de Dezembro de 2018 às 01:00

Superministros e boitatás não existem

A partir de 2019, o economista Paulo Guedes será a segunda pessoa mais poderosa do País. Como "superministro" da Economia, controlará a arrecadação de impostos, a liberação de recurso público, a folha de pagamento dos servidores federais e fatia majoritária do crédito de longo prazo. Parte dessa expectativa foi gerada pelo próprio presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que fez de Guedes seu "posto Ipiranga" e uma espécie de primeiro-ministro, conquistando o empresariado.
A partir de 2019, o economista Paulo Guedes será a segunda pessoa mais poderosa do País. Como "superministro" da Economia, controlará a arrecadação de impostos, a liberação de recurso público, a folha de pagamento dos servidores federais e fatia majoritária do crédito de longo prazo. Parte dessa expectativa foi gerada pelo próprio presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que fez de Guedes seu "posto Ipiranga" e uma espécie de primeiro-ministro, conquistando o empresariado.
Um spoiler: superministros, assim como os boitatás, não existem. O poder de um ministro está vinculado à vontade do presidente eleito. É ingenuidade supor que quem recebeu 57,8 milhões de votos se submeta a um assessor sem nenhum.
Sob uma pressão sobre-humana, a função número 1 do novo ministro será dizer "não". Saber negar é uma arte. Todo "não" gera um inimigo em potencial. Ser ministro da Economia do Brasil é o pior emprego do mundo. O nível da campanha eleitoral permitiu ao futuro governo não detalhar as propostas de reforma da Previdência, privatizações, reforma tributária e abertura da economia ao exterior. Mas uma agenda tão ambiciosa amplia a pressão e a fragilidade de Guedes. Em um País que vive décadas de transtorno econômico, ministros são gerentes de crise, atolados em explicações sobre desemprego e inflação. Já os presidentes só se preocupam com popularidade. Mario Henrique Simonsen também foi chamado de superministro ao assumir a pasta de Planejamento do governo João Figueiredo. Durou cinco meses.
Tempos depois, Simonsen disse: "a tragédia do trapezista é quando ele acha que sabe voar e manda tirar a rede de proteção". Os superministros e os trapezistas fazem o espetáculo, mas não sabem voar. Ao conceder ao futuro ministro o monopólio do debate econômico, Bolsonaro se resguarda. Se o País crescer e gerar empregos, colherá os louros da aposta. Se der errado, a derrota é exclusiva do ministro. A cada crise, apenas a cabeça de Guedes estará a prêmio.
Jornalista
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