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Opinião

- Publicada em 11 de Dezembro de 2018 às 01:00

A França é mais Piketty que Macron

Tem se debatido muito nos últimos dias sobre as mobilizações dos franceses frente ao aumento da tributação dos combustíveis, fato que deve prejudicar mais fortemente a classe trabalhadora.
Tem se debatido muito nos últimos dias sobre as mobilizações dos franceses frente ao aumento da tributação dos combustíveis, fato que deve prejudicar mais fortemente a classe trabalhadora.
Essa nova onda neoliberalista mundial, que agora sofre revés popular na França, tem avançado também no Brasil, onde temos um sistema tributário em que as classes baixa e média pagam muito mais impostos que a alta. Com o seu livro O Capital no século XXI, o economista francês Thomas Piketty traz à tona como tem se apresentado a concentração de renda e riqueza em 20 países, além de estudos sobre outros tantos, como o Brasil. Na obra, Piketty sugere que é necessária uma efetiva tributação de grandes fortunas, de patrimônio e de herança, para que haja uma diminuição da concentração de renda e riqueza, redução da miséria e manutenção de democracias. Emmanuel Macron, no entanto, preferiu o oposto: sobretaxar a classe trabalhadora e abonar grandes empresários e rentistas. Ao que parece, os franceses perceberam a necessidade de terem tributações mais justas e de serem mais Piketty e menos Macron.
Tanto Macron quanto Paulo Guedes (futuro ministro da Fazenda) são filhos do "mercado", do rentismo, da especulação e do capital improdutivo, e parecem desconhecer o mundo real, o mundo do povo e de suas necessidades básicas. Exemplos disto são algumas das propostas de Guedes para o Brasil: sistema público de Previdência capitalizada, IRPF com alíquota única, privatizações, autonomia do BC, dentre outras. Guedes fará o mesmo caminho francês: retirar a renda do andar de baixo e drená-la para o topo, já gordo e cheio. Certamente, deve-se ampliar a concentração de renda e riqueza e aumentar a miséria absoluta no próximo governo. Diante disso, levantes populares serão inevitáveis. Penso que, assim como os franceses, precisamos ser mais Piketty, Celso Furtado ou Paul Singer, e menos Paulo Guedes.
Diretor colegiado do Semapi
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