No primeiro turno das eleições fomos alertados que empresas estavam intimidando os trabalhadores, obrigando-os a usar camisetas com propaganda política, promovendo reuniões intimidatórias, enviando mensagens eletrônicas e instruindo setores de gerência a atuarem como cabos eleitorais. Ficamos perplexos, pois acreditávamos que o voto de cabresto, usual nas primeiras décadas do século passado, havia sido eliminado da nossa cultura política.
A contundente nota pública do procurador--geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury - "Se ficar comprovado que empresas estão, de alguma forma e ainda que não diretamente, sugestionando os trabalhadores a votar em determinado candidato ou mesmo condicionando a manutenção dos empregos ao voto em determinado candidato, essa empresa vai estar sujeita a uma ação civil pública, inclusive com repercussões no sentido de indenização pelo dano moral causado àquela coletividade" - não foi suficiente para inibir empresários dispostos a colocar o seu poder econômico e capacidade de coação a serviço dos seus candidatos. Munidos de provas, recorremos ao Ministério Público do Trabalho e fomos informados da existência de investigações em curso. Mais: já foram firmados acordos judiciais com uma construtora, em Carazinho, uma empresa de móveis, em Tupandi, com unidades em quatro municípios do RS, uma indústria de móveis, em Gramado, e uma fumageira, em Venâncio Aires. Quando os empresários compreenderão que somente é possível modernizar a sociedade com a valorização dos trabalhadores? Quando farão parte de um projeto voltado para o crescimento industrial e o incremento de tecnologia com a geração de empregos e a elevação da renda? Quando entenderão que a estabilidade se forja com desenvolvimento econômico e combate às desigualdades?
Eles já deviam saber que o trabalho sem direitos e a tentativa de destruição da democracia não transformarão o Brasil em uma grande nação.
Metalúrgico e presidente da CUT-RS