Felizmente, as exportações brasileiras continuam superavitárias, devendo chegar ao final do ano com uma soma em torno de US$ 60 bilhões. Em 2017, a balança comercial registrou superávit de US$ 67,001 bilhões, o melhor resultado da série histórica, iniciada em 1989. O montante é resultado de exportações de US$ 217,746 bilhões e importações de US$ 150,745 bilhões no ano. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), de janeiro a agosto deste ano, as vendas dos não industrializados lideraram a arrecadação do Brasil com exportações. Já os industrializados, cuja fabricação exige tecnologia, alcançaram patamares bem menores.
A equação não é considerada saudável por economistas, pois a balança comercial do País fica refém do vaivém da cotação internacional dos produtos básicos, também conhecidos como commodities.
A soja, como está sendo quase uma tradição, de janeiro a agosto, respondeu por 33% do valor exportado, seguida pelos óleos brutos de petróleo, com 19,56%, e pelo minério de ferro, com 15,96%. Enquanto isso, itens manufaturados tiveram presença bem menor, como os automóveis tradicionais, no mesmo período, responderam por 6,71% das vendas externas.
E, do início de 2018 até agosto, os refrigerantes e outras bebidas não alcoólicas, a margarina e o vinho de uvas participaram, cada um, com 0,01% do valor total exportado pelo Brasil.
Há um esforço no sentido de mudar essa realidade. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) atua através do Programa de Capacitação para Exportação capacitando empresários - muitos de pequenas indústrias - para exportar seus produtos de maior valor agregado.
Além disso, articula o contato com clientes em potencial, como está ocorrendo durante a LAC Flavors - feira de bebidas e alimentos promovida no Chile pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Uma missão organizada pela Apex levou 62 empresários brasileiros para participar de rodadas de negócios e expor seus produtos no evento. Entre as empresas interessadas em fazer seu produto ir além das fronteiras nacionais está a startup de biotecnologia Meltech. Nascida em Mossoró, Rio Grande do Norte, a empresa produz hidromel, uma espécie de vinho de mel, e kombucha, um probiótico, produto com microrganismos vivos que, além do sabor, traz benefícios à saúde, sendo considerado um refrigerante natural.
E outro produto, a popular cachaça, busca uma presença ampla no mercado internacional. Por isso, engenhos paulistas têm firmado parcerias para garantir a presença em grandes supermercados e, agora, esperam que os estrangeiros se encantem pela cachaça. Como sempre, a carga tributária interna prejudica um pouco as vendas. Assim, o custo-benefício para a exportação é melhor. Chile, Costa Rica, Austrália, República Checa, Panamá, Alemanha, Equador e Paraguai estão entre os países que demonstraram interesse na cachaça. Motivo de piadas em alguns setores da nacionalidade por conta do eventual uso abusivo, o produto deverá render bons negócios e dólares ao Brasil em futuro próximo.
Apesar de os produtos básicos ainda serem o destaque das exportações, o País deve ocupar novos espaços com artigos industrializados. O Brasil é um dos países mais competitivos no agronegócio. Mas deve investir nos manufaturados e tecnologia. Será uma nova etapa de progresso. Que assim seja, então.