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Opinião

- Publicada em 29 de Agosto de 2018 às 01:00

A crise econômica e o endividamento das famílias

Os tentáculos da prolongada crise econômica vão muito além da alta nos preços e do desemprego elevado que insiste em resistir acima de 12%: também são um dos fatores que impulsionam o aumento da inadimplência nos contratos de financiamento imobiliário.
Os tentáculos da prolongada crise econômica vão muito além da alta nos preços e do desemprego elevado que insiste em resistir acima de 12%: também são um dos fatores que impulsionam o aumento da inadimplência nos contratos de financiamento imobiliário.
Apenas nos últimos quatro anos, os maiores bancos do País - Caixa, Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil - retomaram 70 mil imóveis de mutuários inadimplentes. O valor dos contratos soma R$ 11,5 bilhões. Apenas a Caixa responde por 70% de todo este volume.
Diferentemente de outras modalidades de crédito, como o cheque especial ou o cartão, o financiamento imobiliário é de longo prazo - em muitos contratos, chega a 30 anos. É tempo demais, que requer planejamento e estabilidade financeira para não cair no endividamento.
Infelizmente, o recrudescimento da crise econômica no País, com o aumento do desemprego nos últimos anos, resultou em uma massa enorme de pessoas que não consegue mais honrar os compromissos financeiros. São contratos de veículos, dívidas de cheque especial e faturas de cartão de crédito parceladas a perder de vista.
O problema do superendividamento tem diminuído, ainda, setores que haviam crescido em anos recentes: uma parcela substancial da população cancelou contratos de TV a cabo e de planos de saúde, entre outros serviços, simplesmente por não conseguirem mais arcar com as despesas. Entre garantir o alimento da família e quitar as parcelas do veículo, por exemplo, sai ganhando a necessidade de sobrevivência.
Os números não são nada animadores. De acordo com o Serviço Proteção ao Crédito (SPC), até o mês de julho, a quantidade de brasileiros com dívidas chegou a 63,4 milhões pessoas. O volume inclui quem ainda não atrasou os pagamentos.
Conforme o SPC, a maioria das pessoas utilizou o dinheiro do empréstimo para pagamento de dívidas e até mesmo para quitar o valor de outros empréstimos. Porém, alguns utilizaram o dinheiro para reformar a casa, pagamento de contas básicas, compra de mantimentos e para a compra ou troca de carro.
Deve-se ter atenção e evitar fazer uma dívida para quitar outra. O prejuízo pode ser maior, já que recorrer ao cheque especial, por exemplo, ou ao cartão de crédito, costuma ter juros altíssimos, que ultrapassam 300% ao ano.
No horizonte, infelizmente, escassez de boas notícias: a expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 recuou de 1,49% para 1,47%, de acordo com os analistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta semana. O Brasil entrou em um ciclo de turbulência econômica que encontra nas eleições um combustível a mais: a preocupação dos investidores com quem será o próximo presidente do País - aliada à instabilidade internacional - tem resultado em uma escalada do dólar, que ultrapassou a barreira do R$ 4,00.
Pelo menos até o fim de outubro, quando terminar o período eleitoral, os investidores externos e os empresários seguirão com as barbas de molho, segurando contratações e investimentos. Essa cautela impede uma retomada no mercado de trabalho, por enquanto.
Para as famílias, o momento é de quitar os débitos já assumidos e evitar financiamentos prolongados. O sonho da casa própria, por ora, em alguns casos, terá de ser adiado por um tempo - caso contrário, pode virar um pesadelo.
 
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