Quando as eleições estão se aproximando, as entrevistas com os candidatos a presidente, governador, senador e deputado federal devem se concentrar nas medidas, por mais duras que sejam, na eliminação do analfabetismo no País. Não se admite mais.
Com tantos recursos tecnológicos disponíveis desde o início do século XXI é uma tristeza saber que ainda existam tantos brasileiros que não sabem ler e escrever. Uma pessoa analfabeta sofre com a situação, tem pouca ou nenhuma condição de ascensão social e também gera desconforto na própria família, não seja ela também composta de outros, ou todos, analfabetos. Amigos e pessoas das suas relações, mas alfabetizadas, acabam, querendo ou não, exercendo uma discriminação ao natural contra quem não sabe ler e escrever. É uma situação triste e, para o analfabeto, vexatória até.
É fundamental que os próximos vencedores das eleições para presidente, governador e ao Congresso Nacional sejam perguntados de que maneira esta chaga nacional poderá ser extirpada do Brasil e o mais rápido possível.
Além disso, temos ainda uma carga sobressalente na área da educação que são os chamados de analfabetos funcionais. Frequentaram a escola, mas foram de mal a pior e a maioria abandonou os estudos quase sem saber ler e escrever ou fazendo isso de maneira mais do que sofrível.
A desigualdade social que existe no Brasil desde quando era colônia de Portugal, e se mantém até os dias atuais, é uma das razões. Precisando trabalhar desde cedo, e sendo o estudo algo que precisa de assiduidade e esforço intelectual, muitos abandonam e deixam de lado o aprendizado e preferem se aventurar em biscates sem qualquer exigência educacional e, adultos, não voltam mais a atenção para o aprender. Daí que em cada 10 jovens e adultos de 15 a 64 anos no País, ou 29% do total, cerca de 38 milhões de pessoas, são considerados analfabetos funcionais. Esse grupo tem dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas.
Nessa faixa de 29% de brasileiros classificados nos níveis mais baixos de proficiência e escrita, há 8% de analfabetos absolutos, aqueles que não conseguem ler ou escrever. Os outros 21% estão no nível rudimentar, ou seja, não localizam informações em um calendário, por exemplo.
Em 2009, 27% dos brasileiros eram considerados analfabetos funcionais - o índice se repetiu em 2011 e 2015, últimos anos em que dados oficiais foram divulgados. A taxa de analfabetismo calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra estagnação do analfabetismo absoluto no País, com 7% das pessoas, ou 11, 5 milhões, acima de 15 anos sem saber ler ou escrever. Essa situação triste não pode continuar.
Além disso, com a crise dos últimos quatro anos e antes dela, mas em menor número, a criminalidade tornou-se assustadora. Desigualdade, abandono dos mais pobres, analfabetismo e desemprego formam um caldo de cultura que facilita, mesmo que não justifique, o motivo pelo qual muitos enveredam pelo mundo do crime.
Então, que os candidatos sejam perguntados sobre como diminuir o analfabetismo e o analfabetismo funcional. Caso contrário, será difícil retomarmos a senda do crescimento econômico. Só a educação levará o Brasil para frente.