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Opinião

- Publicada em 24 de Julho de 2018 às 01:00

A hipocrisia do canudinho


LUIZA PRADO/JC
Muitos conhecem o conto do marido traído que, disposto a fazer cessar a traição da mulher no sofá da sala, tomou providência infalível: se desfez do sofá. A comparação grosseira é como enxergo a luta desenfreada contra o vilão do mês: o canudinho de plástico. Útil por cerca de 10 minutos e degradador por 450 anos, o canudinho não resiste a qualquer mínimo argumento cuja sustentabilidade esteja presente. Evidente que não há razão alguma para manter no mercado algo tão desproporcional se sujeito a qualquer cálculo de custo x benefício.
Muitos conhecem o conto do marido traído que, disposto a fazer cessar a traição da mulher no sofá da sala, tomou providência infalível: se desfez do sofá. A comparação grosseira é como enxergo a luta desenfreada contra o vilão do mês: o canudinho de plástico. Útil por cerca de 10 minutos e degradador por 450 anos, o canudinho não resiste a qualquer mínimo argumento cuja sustentabilidade esteja presente. Evidente que não há razão alguma para manter no mercado algo tão desproporcional se sujeito a qualquer cálculo de custo x benefício.
Mas a hipocrisia a que me refiro no título está no foco escolhido. Dito de outra forma, quem se importa com a sacola plástica? Com os copos plásticos? E a cultura do descartável? No Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas são distribuídas por hora, segundo dados disponibilizados no site do Ministério do Meio Ambiente. A ONU, não por acaso, pautou o presente ano para combater esse material que não dissolve, o plástico. O mundo produz hoje 20 vezes mais plásticos do que na década de 1960. Segundo a agência da ONU, cerca de 8 milhões de toneladas desse material vão parar nos oceanos todos os anos.
A sustentabilidade nos proíbe de tomar decisões apenas pelos empregos e receita gerados, na medida em que a variável ambiental e social deve, também, considerar a tomada de decisões da indústria, governos e sociedade. A coerência e responsabilidade intergeracional nos exige que o processo de tomada de decisão seja coerente, eficaz e eficiente, ao invés de simpático, lúdico e performático. É chegada a hora de a sociedade, com ou sem leis, adotar posturas sustentáveis visando um modo de consumo absolutamente sem desperdícios e austero.
A simples proibição do canudinho não mitigará os efeitos nefastos no nosso combalido planeta. Efeito maior surtiria com a abolição do plástico descartável na vida das pessoas, a começar com as sacolas plásticas e embalagens desnecessárias.
Secretário do Meio Ambiente e da Sustentabilidade de Porto Alegre
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