Todos nós estamos acompanhando os movimentos de greve no País. Após uma semana de manifestações dos caminhoneiros, sentimos o seu impacto diretamente em nossas vidas, com falta de produtos e com dificuldades de deslocamento por via aérea e terrestre. A categoria dos caminhoneiros tem uma reivindicação principal deveras legítima: a queda dos preços do óleo diesel. Isso em razão de que a atual prática dos preços elevados onera sobremaneira uma atividade que, literalmente, movimenta o País, levando o progresso não só aos quatro cantos do Brasil, mas também aos portos que escoam nossa produção ao mundo inteiro.
No entanto, a resposta do governo, de forma reiterada por muitas administrações, tem sido de descaso aos trabalhadores e à população, e, em verdade, essas greves cada vez menos nos impactam, pois já vivemos, cotidianamente, em uma situação de calamidade! A população brasileira, diariamente, com greve ou não, raciona combustíveis, alimentos, materiais de higiene e medicações em decorrência de seu baixo poder aquisitivo. Por outro lado, a ineficiência de serviços públicos como o dos Correios cada vez mais estimula a população a evitá-los e a buscar formas alternativas de solucionar as questões da vida cotidiana.
Vivemos em um País em que até mesmo para efetuar paralisações demanda vencer a velha política ainda instaurada e no poder. E a prova disso é um País inteiro que ficou parado uma semana, mas que não chegou ao caos em razão do costume e da habilidade forçada da população em conviver em estado de necessidade. Com isso, para se obter um esperado resultado prático de uma greve, por mais justa que seja sua causa, faz-se necessário que ela perdure por um lapso de tempo muito maior daquele por ventura idealizado inicialmente, já que o descaso estatal em todas as áreas, há anos, já calejou a tão sofrida população, acostumada a conviver com a escassez. A esperança é que, um dia, o País do futuro possa, ao menos, paralisar causando impactos e mostrando à população que a normalidade é essencial.
Advogado