As restrições sanitárias impostas pela pandemia geraram, também, reflexos negativos também no dia a dia daqueles que levam a fama de serem considerados os melhores amigos do homem. O aumento no número de abandono de cães - e também de felinos - foi um desses muitos reflexos. Durante o ano passado, 691 animais foram simplesmente retirados para fora de seus lares e 67 autos de infração foram emitidos em decorrência de maus tratos.
Por outro lado, o número de adoções realizada no período não contribuiu para equilibrar a balança. De janeiro a dezembro do ano passado, somente 246 adoções ocorreram, a despeito de todo o esforço realizado pelo poder público através das feiras e das campanhas permanentes realizadas em parceria com as ONGs de proteção animal. "É a menor quantidade registrada desde 2016", lamentou o veterinário Tiago Marques, coordenador do Canil Municipal.
Com isso, um espaço que deveria abrigar 45 animais acaba quase que de modo permanente com uma lotação bem superior a sua capacidade máxima. Segundo informou Tiago, foram contabilizados no ano passado 446 recolhimentos de caninos e felinos e 65 de equinos. "Infelizmente o número de abandonos e de maus tratos é muito alto ainda", comentou.
Embora as estatísticas reflitam uma realidade ainda difícil de ser revertida em um curto prazo, investimentos feitos apontam para avanços concretos na causa do bem-estar animal. Cerca de R$ 1,6 milhão foram disponibilizados para a construção do novo Centro de Bem-Estar Animal (CBEA), já em obras na Granja Municipal, e mais de R$ 800 mil foram destinados para outras ações. Em breve os animais atualmente abrigados no Canil serão levados para um espaço contíguo à estrutura em obras, até que a mesma esteja concluída.
Para o secretário municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger, o município investiu para controle da população de animais de rua. "Dobramos o número de castrações, contribuindo com as ONGs e com os protetores independentes. Nos preocupamos muito com isso porque como são animais em situação de rua, eles acabam se reproduzindo e a tendência é sempre aumentar", alertou. Ele fez ainda um apelo para que as pessoas não abandonem seus animais e pede aos que optarem por adotar, que o façam de forma responsável para que os bichinhos não sejam novamente abandonados.