O grupo de trabalho criado para monitorar uma provável invasão das palometas, as populares piranhas, no Rio dos Sinos esteve reunido para discutir estratégias de prevenção e controle da espécie. A estimativa de gestores ambientais e especialistas no tema é que o animal comece a ser visto na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos após o atual período de interrupção das atividades de pesca, o chamado defeso, que se estende até o mês de fevereiro e coincide com o período de migração dos peixes às regiões altas dos rios para a desova.
A palometa (Serrasalmus maculatus) é uma espécie de piranha originária da Bacia do Rio Uruguai e invasora na da Bacia do Guaíba. Por motivos ainda não identificados, a espécie chegou ao Rio Jacuí e tem sido encontrada em afluentes dele, cada vez mais próxima do Lago Guaíba, como o Rio Pardo e o Rio Taquari. Chegando ao Guaíba, poderia facilmente chegar aos demais rios que ali desaguam, como o Caí, o Sinos e o Gravataí, e nas demais áreas da Lagoa dos Patos.
O grupo - formado por iniciativa do Consórcio Pró-Sinos e composto por lideranças da pesca da região, gestores ambientais, estudiosos do tema e representantes de órgãos ambientais está atento à evolução do problema. "Diariamente, recebemos informações sobre captura de palometas e demonstrações dos danos causados por elas aos demais peixes na Bacia do Jacuí", relatou o diretor técnico do Pró-Sinos, Hener de Souza Nunes Júnior.
Para o especialista em peixes, Uwe Schulz, não haverá um meio simples de reverter a evolução da invasão e será preciso uma adaptação na convivência com a espécie. "É necessário um sistema de monitoramento contínuo dos locais do seu aparecimento e da sua captura, com o intuito de avaliar a dinâmica de invasão do animal", recomendou. O biólogo Jackson Muller propõe que esse monitoramento seja estruturado na forma de um projeto, apto a captar recursos junto a fontes de fomento e apoio a projetos ambientais e envolva a participação de instituições de ensino e pesquisa.