A Comissão de Representação Externa que trata do Programa Assistir, coordenada pela deputada Patrícia Alba (MDB), ouviu prefeitos e gestores dos municípios de Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Esteio, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão sobre os impactos que a implementação do programa terá no sistema de saúde do estado. O encontro foi realizado em formato híbrido, na Assembleia Legislativa. À tarde, o debate prosseguiu com gestores dos municípios de Arroio dos Ratos, Charqueadas, Eldorado do Sul, Glorinha, Guaíba, Nova Santa Rita, Santo Antônio da Patrulha, Sapucaia do Sul, Taquari e Triunfo.
A deputada afirmou que a medida foi tomada de forma unilateral pelo governo, sem diálogo com os entes envolvidos, e que a retirada abrupta de recursos de determinados hospitais poderá resultar em demissões e mortes. Ainda segundo a parlamentar, a disposição do governo em adiar em 60 dias a implementação do programa não soluciona o problema.
O secretário de Saúde de Canoas, Maicon Lemos, disse que eram conhecidas hoje as referências em saúde no estado e que os cortes significariam menos cirurgias, exames e consultas, além de inviabilizar os serviços de emergência. "Sabemos onde estão as referências em traumato, cardiologia, oncologia, que não nascem da noite para o dia", referiu.
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, disse que o município perdia R$ 86 milhões dos hospitais Universitário e de Pronto Socorro, sendo a cidade com perda mais acentuada. "Serão 8.400 cirurgias que deixarão de fazer, assim como 18 mil exames e 27.600 consultas com especialistas", avaliando que a crise acabaria recaindo sobre Porto Alegre.
Partilharam preocupações semelhantes os prefeitos de Sapucaia do Sul, Volmir Rodrigues, e de São Leopoldo, Ary Vanazzi. "O que vamos fazer? Comprar umas vans e enviar (os pacientes) para a Capital?", questionou Rodrigues, lembrando o tempo da chamada "ambulancioterapia", ou seja, quando pacientes são colocados nos veículos na cidade de origem e levadas para municípios vizinhos.
Para Vanazzi, é preciso que o estado cumpra a exigência constitucional de aplicação na saúde. Já a secretária municipal da Saúde de Esteio, Ana Boll, considerou que o programa "comparava o incomparável" e rasgava uma cartilha de pactuação e discussão que havia sido estabelecida ao longo dos anos com os municípios. "Não houve, de fato, debate com os municípios", disse.