A cidade Passo Fundo tem percebido um alto fluxo de estrangeiros na busca por um novo lar. Esse movimento, somado aos mais de 122 municípios que demandam atendimento no posto da Polícia Federal (PF) da cidade trouxe uma realidade complicada quando o tema é atendimento da população de migrantes e refugiados na cidade e região. Em uma parceria inédita no país, a Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio do Balcão do Migrante e Refugiado e a Polícia Federal, firmou um acordo para potencializar e melhorar o atendimento, encaminhamento e orientação dessas novas comunidades que passam a fazer parte da vida das cidades.
Mesmo que a pandemia tenha reduzido a chegada de migrantes e refugiados no Brasil, os números ainda são altos e demonstram que o país é um dos destinos mais procurados por pessoas que estão buscando recomeçar a vida longe de suas raízes. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, são mais de 60 mil pessoas reconhecidas como refugiadas em território brasileiro, destas, 26 mil deram entrada somente em 2020. Neste momento, estão em espera, aguardando agendamento na Polícia Federal de Passo Fundo, 500 migrantes que já foram atendidos previamente.
A demanda, que poderá ser ainda maior em 2022, acendeu um alerta na PF, responsável pelos encaminhamentos de reconhecimento e pela concessão de documentos para esse público. E foi pensando em melhorar os processos e permitir um atendimento adequado que surgiu a ideia de firmar uma parceria com a UPF e o Balcão do Migrante e Refugiado, projeto de extensão que teve início em 2019. O acordo prevê a prestação de serviços de assistência e orientação voluntária e gratuita aos migrantes que procuram regularização documental, o registro, e as solicitações de refúgio e demais procedimentos no Posto de Atendimento a Estrangeiro da Delegacia de Polícia Federal em Passo Fundo.
O acordo atuará como uma colaboração técnica entre as duas instituições. A parceria prevê, entre outras definições, que 50% dos atendimentos que chegam até a PF sejam direcionados para o Balcão Migra. Segundo a coordenadora do projeto, Patrícia Grazziotin Noschang, em 2020, com o fechamento das fronteiras, em função da pandemia, o grupo viu nascer uma dificuldade maior para os estrangeiros que precisavam de acesso às documentações e, por consequência, aos auxílios para permanência no país.
Patrícia relata que o Balcão recebe regularmente cerca de 800 mensagens por dia através de aplicativos, realizando mais de 20 atendimentos presencialmente. Por isso, ela vê a parceria como uma ferramenta de troca. "Essa parceria permite o aprendizado e a troca de experiências, oportunizando ao migrante que chega aqui condições de se estabelecer e de viver de forma digna", pontuou.